quinta-feira, 13 de março de 2014

Como a Robótica pode mudar o 

futuro de um município?

JVC – Vocês querem contato com os Municípios, para desenvolvimento de Projetos junto as escolas. O que seria exatamente?
Gustavo Arais – A educação nacional democratizou o acesso a universidade, nós temos muitos cursos a disposição, só que grande maioria com preferência de enfoque na área de humanas, e isto vem da base do ensino fundamental. Como áreas e disciplinas complementares nas escolas temos, por exemplo, aulas de música, esportes, xadrez, inglês, artes, mas nada disto leva o aluno para uma área técnica, para a área de engenharia. O que isto está promovendo? Hoje o Brasil forma menos engenheiros que a Tailândia.
JVC – Sério? Que absurdo!
Gustavo Arais – Sim e isto vai se agravar mais ainda! Porque a base de matemática nos colégios está enfraquecida e a formação desde a base é focada na área de humanas.
JVC – Vocês acreditam que o sistema político nacional favorece hoje a área de humanas favorece a área de humanas e deixa de lado a matemática, é isto?
Gustavo Arais – Não, na verdade isto está mudando, o governo está investindo bastante em escolas técnicas.
JVC – Começou quando?
De uns três anos pra cá, é bem recente! Houve um hiato da década de sessenta e setenta de cursos técnicos de engenharia, eletrônica e afins. E são escolas interessantes porque estão lá no interior, bem afastadas dos principais centros urbanos. Se eu não me engano existe uma Charqueadas, que atende a região de São Jerônimo, Arroio dos Ratos, uma região empobrecida, mas que está investindo em tecnologia, para o futuro em um curso Mecatrônica, curso este que só tem na PUC em Porto Alegre, na universidade. Mas se tu quiseres fazer um curso técnico de Mecatrônica não tem na cidade de Porto Alegre! Então, percebendo isto, nós resolvemos que era preciso dar uma alternativa para as crianças desenvolverem este aspecto! Eu faço uma pergunta, nestas aulas de educação física das escolas, quantos destes alunos serão formados jogadores profissionais de futebol através delas?
JVC – Um que outro imagino.
Gustavo Arais – Até onde sei, nenhum! Agora ensine tecnologia e matemática e veja quantos engenheiros, pessoal de programação e tantos outros profissionais que serão formados para o futuro de nosso país! Você vai gerar efetivamente profissionais daquela área, ao contrário do esporte, na maioria dos casos.
Lucas J. Vedeovatto – A área técnica é uma área que a maioria não se interessa! Em geral, apenas 20% dos alunos se interessam por uma área das exatas e como ele passa todo o ensino fundamental e médio dele sem estímulo algum para esta área, ele acaba, pelo próprio método de ensino deixando de lado o caminho das áreas exatas.
Vocês acreditam que o projeto de vocês é prejudicado pelo fato do ensino passar direto um aluno?
Gustavo Arais – Não ter mais repetência, não ter mais a repetição do ano até a quarta série e agora, a partir de 2014 será todo o primeiro grau, todo ensino fundamental. Opinião pessoal, o que isto vai nos trazer?
JCV – Como empresa, vocês precisam de profissionais!
Gustavo Arais – Vai nos trazer um despreparo ainda maior do que já temos hoje! Porque? Dando o exemplo, quando tu vais fazer o exame para tirar a carteira de motorista tu roda em caso de despreparo? Como se pode formar profissionais das áreas de tecnologia sem o conhecimento de tecnologia? Como é que você vai calcular se uma viga agüenta um peso se você nunca estudou este cálculo e mesmo assim passou de ano?
JCV – Ele não consegue evoluir nem no curso de vocês, sem nenhuma base, sem nenhum conhecimento matemático é isto?
Sônia David – Mas, em contrapartida, o nosso curso vai ensinar coisas que ele não aprendeu lá no passado!
JCV – Você ensinam matemática no curso de Vocês?
Lucas J. Vedeovatto – A gente ensina matemática, a gente ensina as leis básicas da física e a gente ensina de uma forma prática, como é!
JCV – O cara tem a vontade apenas, não tem conhecimento algum de matemática, só a vontade, ele entra no curso de vocês, ele aprende?
Em coro – Ele aprende!
Gustavo Arais – O nosso curso é para pessoas desde os oito anos de idade até os oitenta!
JCV – Então vocês suprem uma necessidade para os pais que querem educar bem os filhos nestas áreas, suprindo a necessidade de uma escola pública ou privada, é isto?
Lucas J. Vedeovatto – A pouco tempo atrás eu vi uma reportagem do que espera de um aluno que está se formando no ensino fundamental em todas as áreas, em todas as matérias, segundo a pesquisa, 20% dos alunos sabiam o necessário na área de português e apenas 3% ou 4% na área de matemática e das exatas.
Gustavo Arais – A escolha pela robótica vem suprir esta necessidade, por que ela trabalha a lógica, trabalha a matemática, trabalha a física, trabalha as ciências, trabalha vários aspectos das exatas e é o conjunto disto que resulta nas atividades do robô. É preciso o conhecimento de eletrônica, em informática, em programação e todas estas matérias se embasam em matemática, física e ciência!
JCV – E o querem exatamente com os municípios?
Gustavo Arais – Nos queremos instalar laboratórios de robótica, através de parcerias com os Municípios! Como o aluno da rede municipal é um aluno que não tem tanta possibilidade de participar de um curso privado destes, a Prefeitura viabiliza isto através de uma aquisição dos equipamentos e a gente oferece o treinamento dos professores.
JCV – E com o que a Prefeitura tem que entrar?
Gustavo Arais – Ela precisa simplesmente entrar com o Laboratório de Informática, ou um centro municipal com computadores, que em algum lugar já deve até existir, a aquisição do equipamento e o profissional que vai ministrar as aulas, que geralmente é o professor que eles já possuem na rede de ensino. Diante disto a gente fornece o treinamento para estes profissionais, ou seja, no momento que o laboratório está ocioso a gente pode utilizar como laboratório de robótica! Detalhe, o robô fica na escola, para incentivar outros alunos, outras turmas, mas o material didático é do aluno, o aluno não leva o robô pra casa, como em um curso particular, mas, leva o conhecimento e o material que propicia este conhecimento.
Sônia David – É uma hora por semana o curso, se a escola vai fazer várias turmas, cada uma de uma hora, pode ampliar este atendimento ao máximo! Pode ter 100 ou 150 alunos por semana em apenas um laboratório de Robótica!
Gustavo Arais – São seis cadernos, nós temos vários cursos, cadernos ilustrados, coloridos, o primeiro curso são com seis cadernos que o aluno leva para casa com a parte de mecânica, de programação, introdução eletrônica, a parte teórica e a parte prática é desenvolvida em sala de aula. O curso é totalmente prático, embora seja altamente técnico e teórico. Todo projeto para educação é um projeto para dez anos. Quando vem uma empresa se instalar em um município ela tem o estudo, o tempo de implementação e conclusão e uma das prioridades deste processo é a da mão de obra qualificada! Com certeza, empresas grandes que forem se instalar daqui três ou quatro anos, vão precisar de mão de obra qualificada, a mão de obra mais barata e mais importante politicamente é a do município.
JCV – Preparar o município para o futuro!
Gustavo Arais – Exatamente! O que a robótica vem fazer? Quais as empresas que vem se instalar hoje no Rio Grande do Sul? Só empresas de grande tecnologia! Elas precisam de funcionários de informática, de mecânica, de eletrônica, hoje nos temos o Liberato e o SENAI, formando profissionais, que são imediatamente absorvidos pelo mercado!
JCV – Hoje todos que se formam em Tecnologia da Informação e Mecatrônica tem mercado de trabalho, o mercado está defasado de profissionais.
Lucas J. Vedeovatto – Hoje ocorre o seguinte, todos que conseguem se formar estão empregados, porque não tem profissionais no mercado!
Sônia David – A UNO tem a seguinte proposta: Primeiro, tu estás criando na criança o interesse para brincar com a matemática, com a robótica e o brinquedo de hoje pode ser o emprego do profissional adulto no futuro!
JCV – Então isto não é na verdade um projeto de um só Prefeito, é um plano de médio e longo tempo, é um projeto de modelo administrativo e não de um modelo de governo, precisa de vários governos. É isto?
Gustavo Arais – Não, vamos dizer que a gente pegue um governo pela metade, ainda assim a gente conseguiria ministrar o curso para aproximadamente duzentos jovens. É o caso de Butiá, por exemplo, que é o número de alunos que vamos conseguir atingir! Duzentos jovens atingidos no primeiro ano. No segundo ano iremos ampliar ainda mais isto, ao todo serão atingidos 600 alunos com apenas uma escola em um só laboratório de informática! Com só dois anos de trabalho!
JCV – E em caso privado, há interesse em montar parcerias?
Gustavo Arais – Sim, temos já uma parceria com uma rede de cursos e escolas, com a Rede Master, que atua em seis municípios entre o sul de Santa Catarina e Torres. Estamos abertos a negociação! Podem entrar em contato pelo site: www.unorobotic.com.br Temos interesse em escolas de cursos, escolas técnicas, profissionalizantes e afins. Além disto, temos um sistema de franquias, a quem estiver interessado! Em Porto Alegre temos o Anchieta e o Monteiro Lobato.
JCV – Vocês querem contato com os Secretários e Prefeitos, é isto? Tem uma situação interessante, quando acontece de não haver concorrência, a lei permite a dispensa de licitação em contratações emergenciais ou de interesse público e de baixo custo. Me parece ser o caso de vocês! Isto em geral ocorre via carta convite!
Gustavo Arais – Sim, tem sido o caso, nós fornecemos os profissionais e os equipamentos, a gente produz todo o material gráfico, em nossa própria gráfica, produzimos plataformas de robótica móveis educacionais, única no Brasil, pois não é um brinquedo, é um equipamento que não dá choque, foi pensada educacionalmente, não possuindo uma caixa exatamente para permitir que haja interatividade com o aluno, toque, tato, manuseio intencional do aluno com o equipamento.  O material gráfico pode ser todo em português, ou em qualquer outro idioma se necessário, mas é todo produzido pela UNO assim como nosso equipamento que foi todo projetado pela UNO!
Lucas J. Vedeovatto – O ambiente de programação do robô também foi criado por nós, fomos nós que o desenvolvemos, ou seja, é uma tecnologia 100% nacional! Mas já tem interessados por nosso projeto até na Itália.
Gustavo Arais – Até agora temos sido muito bem recebidos. Nossos valores não são altos, não existe similar, mas, se quiserem licitar não temos problema algum, ficamos a disposição das Procuradorias municipais. Em geral nos ajudamos os municípios a manter a receita da área educacional. Por quê? Por que do primeiro ao quinto ano o município tem muitos alunos, do quinto ano em diante ele começa a ter defasagem de alunos e evasão escolar, 30%, 40% e até mesmo 50% dos alunos que fazem até o quinto ano não fazem do sexto ano em diante, segundo estatísticas do próprio MEC. Cada aluno matriculado, representa mil e trezentos reais para o município em média, ou seja, eles perdem dinheiro com a evasão de alunos de quinta a oitava série, que é onde o aluno começa a se definir profissionalmente! Nós temos até três anos de curso, com o mesmo aluno, ele vai evoluindo e isto pode mudar o destino de um jovem e até o futuro de um município!
JCV – Parabéns pela iniciativa, obrigado pela entrevista e sucesso no empreendimento, abrimos este espaço aqui, para que sirva de bom exemplo e como dica para Viamão e outras cidades afins, espero que consigamos ter lhes ajudado nesta caminhada, abraços ao grupo.
Antonio Roberto Vigne
Cientista Político
Colunista Político

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