quarta-feira, 29 de março de 2017

A quem interessa desqualificar a Direita Nacional no Brasil e por que?

Diferentes conceitos da noção de Fabianismo!

Sociedad Fabiana

"O Fabianismo é uma doutrina e um movimento político-ideológico socialista democrático, reformista e não-marxista, de concepção inglesa. Teve origem na Fabian Society fundada em Londres no final de 1883 e início de 1884 por um grupo de jovens intelectuais de diferentes linhas socialistas, com o propósito de reconstruir a sociedade com o mais elevado ideal moral possível. Objetivamente tinha a finalidade de promover a gradual difusão do socialismo, entendido como fim das injustiças econômicas e sociais da sociedade liberal, burguesa e capitalista. Mas, ao mesmo tempo rejeitava a doutrina marxista e, especialmente, a transformação pela revolução violenta. A idéia era a de que a transição do capitalismo para o socialismo poderia ser realizada por meio de pequenas e progressivas reformas, dando início ao socialismo no contexto da sociedade capitalista.
Embora os primeiros fabianos ainda sofressem influência do marxismo, os seus conceitos de economia não eram de Marx, mas de John Stuart Mills e Willian Stanley Jevons. Afirmaram que o utilitarismo, há tanto tempo usado para sustentar o individualismo, realmente, nas modernas condições, aponta para uma crescente intervenção estatal na economia para promover a maior felicidade de um maior número. Contradizendo os marxistas, o Estado não é um organismo de classe a ser tomado, mas, um aparelho a ser conquistado e usado para promover o bem-estar social. Os fabianos, portanto rejeitam o socialismo revolucionário.
Os membros da “Fabian Society”são principalmente intelectuais, professores, escritores, e políticos. Foram os principais fundadores Edward R. Pease, o casal Sidney e Beatrice Webb, George Bernard Shaw, H.G. Well outras destacadas personalidade. Efetivamente, a Fabian Society tem sido sempre um grupo de intelectuais.
Seu proselitismo, em determinadas questões, segue uma política de “permeação” das suas idéias socialistas entre os liberais e conservadores. Tentam convencer as pessoas por meio de uma argumentação socialista objetiva e racional em vez de uma retórica passional e de debates públicos.
Acreditam que não existe uma separação nítida entre socialistas e não socialistas e que todos podem ser persuadidos a ajudar na realização de reformas para a concretização do socialismo.
Com as adesões de Bernad Shaw (1884) e de Sidney Webb (1885), a sociedade começou a assumir seu caráter próprio, vindo a se tornar efetivamente socialista a partir de 1887.
Em 1889, sete membros fundadores redigiram um livro que levou o nome de Fabian Essays in Socialism (Ensaio Fabiano sobre o Socialismo), resumindo as bases doutrinárias da Sociedade.
Sidney Webb e Bernad Shaw, repudiando o marxismo, reconheciam que o desenvolvimento promovido pelo “laisser faire” (o capitalismo liberal) correspondia também a uma intervenção do Estado em defesa do trabalhador ou, pelo menos, na melhoria da qualidade e condições de vida. A legislação sobre salários, condições e jornada de trabalho e a progressiva taxação dos ganhos capitalistas é um meio inicial de realizar a eqüitativa distribuição de benefícios. O passo seguinte na direção do socialismo, em termos de reformas sociais mais profundas, será a adoção da propriedade e administração estatais das indústrias e dos serviços públicos. Recomendam também a criação do “imposto único”.
Os fabianos são realistas e procuram convencer todas as pessoas, independentemente da classe a que pertencem e com argumentos lógicos, que o socialismo é desejável e que melhor realizará a felicidade humana.
A Sociedade Fabiana não se dispôs a se organizar em partido, permanecendo sempre como um movimento. Entretanto, em 1906 um grupo de fabianos e sindicalistas fundaram o Labour Party (Partido Trabalhista Britânico) que adota o fabianism como uma das fontes da ideologia partidária.
Em 1945 o Labour Party chega ao poder na Grã-Bretanha expandindo o fabianismo. O Partido no governo consegue realizar quase todo o ideário dos fabianos.
Atualmente, a Fabian Society atua principalmente como um centro de discussão intelectual, de propaganda e de difusão do socialismo democrático e como uma referência na Grã-Bretanha para os socialistas, em especial de classe média, que não desejam comprometer-se com o Labour Party.
Antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os fabianos tinham pouca preocupação com o movimento socialista em outros países. Durante o conflito adotaram até uma posição nacionalista exacerbada.
Na prática política, parece que os fabianos não têm dificuldade de entendimento com os socialistas revolucionários podendo apóia-los ou com eles fazer alianças, particularmente para atingirem algum objetivo intermediário.
Em termos de internacionalismo, o fabianismo tem sido sempre considerado a ala direita do movimento socialista. Ideologicamente, coloca-se em posição intermediária entre o capitalismo democrático e o marxismo revolucionário. Com esta posição, em 1929, o movimento Fabiano se propõe como a Terceira Via, identificação ambígua quando, na propaganda política, não vem acompanhada de uma definição clara e ostensiva. Após o colapso da União Soviética em 1991, o apelo sedutor da Terceira Via voltou à cena para atrair as esquerdas desorientadas e os intelectuais idealistas sempre sensíveis às novidades.
Repudiando o conceito de luta de classes, os fabianos em geral reconhecem que a lealdade ao seu próprio país vem antes do que qualquer lealdade ao movimento internacional do proletariado. Isto não impede que Bernard Shaw, em discordância com a atitude nacionalista Fabiana, fosse a favor de uma unificação do mundo em unidades políticas e econômicas maiores. Determinados fabianos realmente manifestaram a aspiração de um Estado mundial do tipo tecnocrático, cujo germe deveria ser o Império Britânico, com a função de planejar e administrar os recursos humanos e materiais do planeta. A este respeito, chama a atenção as relações de afinidade, se não de filiação, entre os fabianos e círculos mundialistas anglo-saxões como o Royal Institute of Internacional Affais (inglês) e o Council on Foreign Relations (norte-americano), criado em 1919.
Provavelmente, foi a partir do conhecimento desta idéia de império mundial, da existência de relações dos fabianos com intelectuais e políticos norte-americanos e da atuação de certas organizações não-governamentais nos EUA que o senhor Lyndon H. La Rouche Jr. engendou a teoria conspiratória de um eixo Londres-Nova Iorque da oligarquia financeira internacional para a criação de um império mundial de língua inglesa, com a supressão dos estados nacionais.
Entre as organizações não governamentais norte-americanas está uma denominada Diálogo Interamericano, fundada em 1982, cujos integrantes são notáveis personalidades “permeadas” pelo socialismo Fabiano.
Foi por intermédio do Diálogo Interamericano que o Sr Fernando Henrique Cardoso se uniu em 1992 ao movimento Fabiano tendo tentado atrair também o Sr Luiz Inácio Lula da Silva.
O DIÁLOGO INTERAMERICANO (DI)
A eclosão da Guerra das Malvinas em abril de 1982 e o agravamento da crise da dívida dos países latino-americanos trouxeram preocupações a um grupo de políticos, empresários, economistas e intelectuais norte-americano provavelmente “permeados” pelo fabianismo e integrantes de uma entidade privada internacional denominada Comissão Trilateral. Três seminários foram realizados, entre junho e agosto de 1982, sob patrocínio do Centro Acadêmico Woodrow Wilson para examinar a situação no Continente que, segundo entendiam decorria, em primeiro lugar, da existência de regimes militares autoritários na América Latina. A situação se completava com a declaração da moratória do pagamento da dívida externa do México e com os movimentos revolucionários comunistas na América Central (Nicarágua, Costa Rica, Honduras, El Salvador e Guatemala).
Em conseqüência, em outubro de 1982, foi criada a entidade privada internacional Diálogo Interamerican (DI), com a participação de personalidades da Trilateral (Robert Mc Namara, Cyrus Vence, George Schultz, Elliot Richardson e outros) e de 48 representantes da América Latina, inclusive seguidores da Teologia da Libertação. Fernando Henrique Cardoso foi um dos fundadores do DI.
Os temas que o Diálogo Interamericano procurou forçar ou induzir a se submeterem os governos da região são trazidos da Trilateral, temas que também esta procura introduzir na política oficial dos EUA. A idéia de inspiração fabiana parece ser a de promover uma ampla abertura política nos países latino-americanos, muitos ainda sob regime militar autoritário, para dar espaço e condições para o restabelecimento da democracia e, conseqüentemente, para abrir caminho à transição para o socialismo reformista.
Para tanto, haveria necessidade de remover os obstáculos existentes; de imediato, as forças armadas daqueles países. As sugestões ou exigências do DI foram levadas à execução por um empreendimento denominado Projeto Democracia (1982):
Submissão das forças armadas ao controle político civil;
Participação das forças armadas no combate ao narcotráfico;
Criação de uma força militar multinacional para intervir em favor da paz no caso de conflitos regionais e de violação dos direitos humanos;
Direitos Humanos;
Conceito de soberania limitada (direitos humanos e meio ambiente);
Em uma reunião realizada em 1986, foram feitas algumas outras recomendações:
Legalização ("descriminização" seletiva) de certas drogas;
Direito da URSS se manifestar sobre assuntos Ocidentais;
Criação de uma “rede democrática” com poder de se opor, tanto aos comunistas, quanto aos militares da Região;
Reduzir a participação dos militares nos assuntos de natureza civil.
Alguns membros mais radicais de orientação Fabiana defendem também a criação de um tribunal internacional para julgamento de pessoas acusadas de violação de direitos humanos, inclusive com a revisão da anistia de que se tenham beneficiado militares que lutaram contra a subversão comunista em seus países.
O Diálogo preocupou-se ainda com um problema considerado de segurança nacional: as imigrações desordenadas de latino-americanos para os Estados Unidos. Considerou que o controle da natalidade nos países do Terceiro Mundo seria a única solução para evitar a descaracterização da cultura americana. Note-se que a lealdade nacional é mais forte do que o internacionalismo Fabiano.
Após a derrocada da União Soviética, o DI passou a recomendar o acolhimento dos comunistas em postos do governo, uma espécie de “esquecimento e pacificação” ou de “coexistência dos contrários”.
Em apoio ao Projeto Democracia, duas outras entidades foram criadas. A primeira (1983), National Endowments for Democracy – NED (Fundo Nacional para a Democracia), se organizou para constituir e prover recursos financeiros para o projeto. Recebe contribuições de fundações (Rockefeller e outras) e, segundo La Rouche, subsídios do Congresso dos EUA. Os recursos são repassados a organizações não-governamentais (ONG), partidos políticos, sindicatos, jornais, programas universitários e a toda organização e movimento que possa difundir e contribuir para a realização dos objetivos do Projeto Democracia.
A outra entidade, a Comissão Bipartidária Nacional (1984), também conhecida como “Comissão Kissinger”, foi criada para tratar especificamente da situação revolucionária da América Central, relacionada com o confronto Leste x Oeste da Guerra Fria na época.
O fabianismo entrou no Brasil com Fernando Henrique Cardoso e as teses do Projeto Democracia foram por ele implementadas principalmente após a sua eleição a Presidente da República em 1992.
A sua reeleição em 1996 representou, coincidentemente, o continuísmo dos laboristas fabianos ingleses em outras terras.
O FABIANISMO NO BRASIL
O Fabianismo chegou ao Brasil com Fernando Henrique Cardoso, retornando ao país, depois de seu asilo político na Europa, com seus companheiros do chamado grupo de São Paulo, todos ex-militantes da Ação Popular Marxista-Leninista.
Asilado na Europa, depois de ter passado pelo Chile, Fernando Henrique Cardoso reformulou suas crenças marxistas e passou a pretender filiação junto à Internacional Socialista (oriunda da II Internacional).
A iniciativa coincidia com o esforço de Leonel Brizola em 1978/79, ainda asilado, para juntar-se à Internacional Socialista na Europa. Com ousadia e persistência, aproximou-se dos expoentes socialistas europeus, particularmente de Mário Soares, do qual conquistou o apoio e a amizade. Miguel Arrais e Fernando Henrique tudo fizeram para neutralizar o ex-governador, inclusive com a elaboração de um dossiê depreciativo que FHC entregou a Mário Soares. Nada adiantou; na reunião da Internacional Socialista em Viena (1979), a organização, por unanimidade, fez opção por Brizola. “... na platéia, derrotados, Fernando Henrique Cardoso e Miguel Arrais assistem ao vitorioso, discursando na condição de líder brasileiro da social-democracia e representante oficial da organização no Brasil” (Luiz Mir, A Revolução Impossível, pág 689 a 691).
O insucesso levou Fernando Henrique a se aproximar do movimento fabianista. Em 1982, participou da reunião de fundação do Diálogo Interamericano com sede nos EUA.
Ao retornar do seu auto-exílio em 1979, Fernando Henrique Cardoso e os seus correliigionários do grupo paulista ingressaram no partido do Movimento Democrático Brasileiro onde, com outros anistiados de esquerda constituíram a ala dos “autênticos”. Participaram da Constituinte de 1987/88 onde o grupo de FHC desempenhou ativo papel na tentativa de implantar o socialismo e o parlamentarismo no Brasil.
Na Constituinte, é interessante notar a convergência das esquerdas reformistas e revolucionárias, todas procurando ampliar ao máximo as franquias democráticas.
Logo após a Constituinte (1988), o grupo de Fernando Henrique e diversos outros “autênticos” divergiram e saíram do partido, fundando o PSDB, Partido da Social Democracia Brasileira. Estava assim criada a organização política do fabianismo no Brasil.
Em 1992, o Senador Fernando Henrique participou da reunião do Diálogo Interamericano de Princeton, para a qual convidou Luiz Inácio Lula da Silva e alguns outros membros do Partido dos Trabalhadores. Para o Diálogo, o desaparecimento da União Soviética tinha deixado as esquerdas revolucionárias da América Latina sem base de apoio. Entretanto, reconhecia que sua organização e capacidade de mobilização ainda poderiam ser úteis para o programa pretendido pela entidade. Podemos aduzir que o PT, como partido laborista, tivesse muita afinidade com o fabianismo, daí porque estava sendo atraído. O primeiro ponto de uma ação comum foi a opção pela via eleitoral, buscando-se o abandono da violência armada. Lula já comprometido com o Foro de São Paulo, concordou com o programa mas não se filiou ao Diálogo.
Em 1994, FHC se elegeu Presidente da República. Na condução política da sua administração e nas relações com o Congresso, onde não tinha maioria, usou o poder e certos recursos autoritários. Valeu-se descontraidamente das Medidas Provisórias fugindo das resistências parlamentares. Sem muito esforço, mas com uma eficiente e convincente negociação individual com os parlamentares, conseguiu emenda à Constituição, quebrando a antiga e prudente tradição republicana que não permitia a reeleição do Presidente da República.
Para assegurar o segundo mandato, Fernando Henrique tratou de manter a estabilidade monetária e o Plano Real que já lhe havia garantido a eleição de 1994.
Para pagar dívidas públicas, o serviço desta dívida e remunerar investimentos financeiros, foi buscar recursos num vasto e discutível programa de privatizações.
A esquerda de oposição lhe fez e faz ferina crítica, estigmatizando-o de “neo-liberal”, não tão grande ofensa para um socialista Fabiano.
Com relação às recomendações do Diálogo Interamericano, expressas no Projeto Democracia, podem ser citadas as seguintes realizações de Fernando Henrique Cardoso:
1) Abertura democrática, com franquias, ampliadas e garantidas na Constituinte, com o trabalho de FHC nas comissões e de Mário Covas no Plenário.
2) Acolhimento dos comunistas, primeiro no Partido, depois nos cargos de governo e, finalmente, com indenizações das famílias de terroristas mortos pela “repressão”, de início limitadas às dos que morreram nas prisões e agora generalizadamente.
3) Afastamento sumário do serviço público ou veto de nomeação de qualquer pessoa acusada de torturador ou de ter pertencido a órgãos de segurança durante o governo dos militares presidentes. A demissão ou veto era imediato, sem qualquer apuração formal ou de provas das acusações, num ato ilegal de restrição à Lei de Anistia.
4) Submissão das Forças Armadas ao controle político civil, com a criação do Ministério da Defesa, afastando os militares de participação e influência nas decisões nacionais, inclusive nos assuntos de segurança. Foi aventada também a criação de uma Guarda Nacional para retirar do Exército ou restringir a sua destinação constitucional de defesa da lei, da ordem e dos poderes constituídos. Não dispondo de recursos para tal projeto, a iniciativa ficou limitada à criação de um segmento fardado da Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça.
5) Uso e suporte às Organizações Não-Governamentais de inspiração e de ligação a entidades internacionais fabianas e outras, com transferência de funções públicas e de recursos governamentais, particularmente nas áreas de educação, saúde, segurança pública, meio-ambiente, direitos humanos e complementação social. Foi promovida uma “ampliação do Estado” que daria inveja a um projeto concebido por Antônio Gramsci.
Fernando Henrique é seguidor dos conceitos da Terceira Via participando das idéias de um “consenso internacional de centro-esquerda”, acompanhando a posição de Anthony Giddens (teórico da Terceira Via), Tony Blair (líder trabalhista inglês), Lionel Jospin, Bill Clinton, De La Rua e Schöreder.
O governo FHC (1994-2002) deixou ao País com gravíssimos problemas sociais e econômicos pouco tendo feito para a realização da transição para o socialismo. As lentas e progressivas transformações são próprias do processo reformista Fabiano. Portanto, não se fale de fracasso, porque a semente desta vertente social-democrática está plantada e aparentemente, superou no País, a linha da Internacional Socialista representada pelo decadente Partido Democrático Trabalhista de Leonel Brizola.
Por outro lado, o movimento fabianista pôde e pode realizar, em determinados momentos, um papel subsidiário da esquerda revolucionária. Muitos aspectos da concepção pragmática do fabianismo coincidem com certos processos gramscistas de mudanças pacíficas e progressivas para conquistar a sociedade civil e enfraquecer a sociedade política. Depois de 1980, os dois fatos novos mais significativos ocorridos nas esquerdas no Brasil foram as presenças do fabianismo reformista e do gramscismo revolucionário.
Terminado seu governo, Fernando Henrique Cardoso agora é “homem do mundo”, promovido e “badalado” pelos movimentos e organismos da esquerda internacional. Lembro um pouco Bernad Shaw, um dos fundadores do fabianismo na Inglaterra, marxista reformado que se transformou em socialista reformista. A diferença fica na retórica vazia e na produção literária reduzida do intelectual brasileiro.
Apesar de tudo, FHC voltará; pessoalmente ou representado, mas voltará."
Artigo extraído do livro "Cadernos da Liberdade"
Autor: Gen Sérgio Augosto de Avellar Coutinho
Fonte: Portal Verde-amarelo

Quintus Fabius Maximus Cunctator

Ditadura de Fábio Máximo

"Declarada a guerra entre Roma e Cartago (Segunda Guerra Púnica), o comandante cartaginês, Aníbal, saiu da Hispânia, à frente de um exército e, transpondo os Alpes, invadiu a Itália. Ao confrontarem o invasor, os romanos foram derrotados em Ticino e Trébia. Na batalha travada às margens do lago Trasimeno, o exército consular de Caio Flamínio foi destroçado, deixando Roma à mercê de Aníbal.

Assim, na primavera de 217 a.C., a campanha de Aníbal, que parecera, de início, fadada ao desastre, tornara-se um triunfo. Triunfo só alcançado graças à sua estratégia e à disposição de arriscar chegar até a Etrúria por uma rota inesperada, e ainda por seu génio militar no lago Trasimeno. Essa recente vitória seria seguida por um golpe adicional contra Roma, quando uma força avançada de quatro mil cavaleiros enviada pelo outro cônsul, Servílio, foi encontrada por Maárbal e a cavalaria cartaginesa. Os romanos haviam acabado de cruzar os Apeninos e surgido na Úmbria, quando foram avistados por Maárbal, que fazia o reconhecimento à frente do corpo principal do exército de Aníbal. Na batalha que se seguiu, todos os romanos foram mortos ou capturados, sendo Servílio, assim, despojado de sua força de reconhecimento, bem como de uma parte essencial de seu exército. Uma vez que Servílio não podia mais deslocar com segurança suas legiões, Roma ficou, para todos os efeitos, desprovida de ambos os seus exércitos consulares e indefesa.

Não mais capaz de se comunicar com o cônsul sobrevivente, pois ninguém sabia onde o exército ou a cavalaria de Aníbal estariam de um dia para o outro, as notícias de mais esse desastre reduziram Roma ao estado de mais profundo choque. Ainda é interessante notar que, mesmo naquele momento, o desespero não penetrou na consciência romana. A derrota era algo tampouco conhecido para eles, e por tanto tempo haviam sido eles os senhores dos campos de batalha que escolhiam, que, como afirmam os historiadores, eles pareciam não ter se apercebido do real perigo de sua situação. Outras nações daquele período da história só precisavam de uma derrota maior em campo de batalha para que abandonassem as esperanças e demandassem a paz. Os romanos, contudo, perceberam que a situação exigia uma drástica mudança na constituição. "Eles fizeram o que nunca havia sido feito até aquele dia", escreve Tito Lívio, "criaram um ditador por eleição popular.

Dado que um dos cônsules (Flamínio) morrera e o outro (Servílio) estava ausente, pela primeira vez na história da República Romana a escolha do ditador foi confiada a assembleia das centúrias[1], que elegeram o senador Quinto Fábio Máximo. Outro detalhe inusitado foi que a assembleia também elegeu o comandante da cavalaria, recaindo a escolha em Marco Minúcio Rufo[2].A eles o senado confiou as tarefas de reforçar as muralhas e torres da cidade, de organizar as defesas como lhes parecesse melhor e de demolir as pontes sobre os rios (o Ânio e o Tibre): teriam que lutar por sua cidade e seus lares, já que não tinham sido capazes de salvar a Itália".

Aníbal era agora o indiscutível senhor da terra, livre para percorrer e devastar toda região onde seu desejo o levasse. Mas o seu exército, embora reconstituído, ainda era um exército de conquista, sem nenhuma capacidade para sustentar uma guerra de sítio. Ele não possuía quaisquer artifícios para sitiar — como torres de ataque, aríetes e catapultas, e certamente nem mesmo algum técnico para esse tipo de trabalho — tudo o que era preciso para subjugar cidades e guarnições e dominar uma região. Ademais, o que parecia consistir num ponto de triunfo patenteou o principal inconveniente da posição de Aníbal: ele podia conquistar mas não consolidar.

Porém, a grande fraqueza do cartaginês era não ter um objetivo político de alguma eficiência. Sua estratégia política imediata era extrair de Roma os aliados participantes de sua confederação, restaurando-lhes a liberdade. Mas liberdade para quê? Eles haviam conhecido as vantagens de se viver sob a lei e o jugo romanos, e muito dificilmente se disporiam a deixar isso e retornar à condição parecida com a das antigas cidades-estados gregas. Aníbal não propunha que Cartago tomasse para si o papel dominante ora desempenhado por Roma, substituindo suas instituições por leis, modos e controle financeiro cartagineses. Seu objetivo final, ao que parece, consistia em não mais que um retorno ao status quo anterior à Primeira Guerra Púnica. Se Roma, seus aliados e dependentes ficassem satisfeitos em permanecer no interior da Itália, mesmo concedendo a Sicília a eles, então tudo estaria bem. Cartago continuaria conduzindo seus negócios por todo o Mediterrâneo e outras regiões, e o Mediterrâneo seria comodamente repartido entre as esferas cartaginesa e romana de influência.

Pode-se solidarizar com Aníbal, mas a lição da história — se é que existe uma — ensina que "não se pode voltar atrás". O mundo anterior à Primeira Guerra Púnica, o mundo que seu pai Amílcar lhe havia feito rememorar, além de fazer com que prometesse revivê-lo, estava há muito perdido e arruinado. O colapso da Grécia no leste, bem como a decadência dos Estados gregos que haviam caído sob o controle dos generais de Alexandre, o Grande e seus sucessores, deixaram um vácuo de poder que um dia deveria ser preenchido. A ausência total de ambição territorial por parte de Cartago — sua própria falta de poderio humano — significava que o poder enérgico e expansionista de Roma, no final, preencheria esse vácuo.

O protelador
O homem escolhido para atuar como ditador e reorganizar Roma e os aliados latinos nessa hora de necessidade era um romano do tipo antigo — um daqueles cujas faces vigorosas e bem barbeadas nos fitam em bustos que retratam os homens da República Romana. Quinto Fábio Máximo, que devido à sua cautela seria apelidado de Cunctator - "o protelador" - provaria ser o homem certo na hora certa. Ao contrário dos cônsules, ele não estava preso a qualquer obrigação do cargo e não tinha "nome a fazer".

A família de Fábio era tão bem situada na história de Roma que teria sido difícil encontrar alguém que superasse seu brilho. Descendente de Fábio Ribulano, que em cinco ocasiões havia sido feito cônsul no século V a.C. — a despeito do fato de ter-se ele oposto aos patrícios — Fábio, agora eleito para o supremo encargo de enfrentar Aníbal, era um homem capaz de fazer jus tanto ao apoio das velhas famílias aristocráticas como ao da plebe. Moderado por natureza, Fábio foi o primeiro a avaliar o quanto os romanos vinham negligenciando uma série de cerimónias religiosas, e praticando outras incorretamente. Certificou-se de que sob todos os aspectos o elemento divino não fosse negligenciado, restaurando, grandemente, desse modo o moral dos cidadãos, enquanto seus esforços práticos para assegurar a defesa da cidade tranquilizavam tanto o religioso quanto o pragmático.

Fábio supôs que Aníbal marcharia para Roma, e concentrou os seus esforços em preparar a cidade e seus cidadãos para tal fato; mas ele devia estar ciente de que o cartaginês não possuía um equipamento para sítio com o qual pudesse investir contra a capital. O não aparecimento de Aníbal lhe deve ter sugerido que o cartaginês estava longe, preparando suas tropas e fazendo as adequações mecânicas e técnicas necessárias para o cerco. Fábio teve tempo, enquanto isso, para considerar a aproximação desse general cartaginês que havia invadido a Itália — algo que ninguém imaginava ser possível — e que ainda demonstrara uma aptidão para a guerra que revelara com severidade as deficiências do sistema republicano. Como defensor da terra, ele detinha em suas mãos tempo e poderio humano. Assumiu o comando de duas legiões do cônsul Cneu Servílio e adicionou mais duas legiões ao exército que agora se encontrava à sua disposição. Ao mesmo tempo, dava ordens para que todas as pessoas situadas à frente da linha de marcha de Aníbal abandonassem suas fazendas, queimassem suas propriedades e destruíssem suas colheitas. (Séculos mais tarde sua estratégia básica seria adotada pelo general russo Kutuzov, contra Napoleão.) O povo da Itália deveria retirar-se de sua terra, deixando o mínimo possível para trás, e ele próprio — como comandante do único exército organizado — evitaria uma batalha extrema a qualquer custo.

Táticas de guerrilha, tais como acossar os flancos do inimigo, isolá-lo das áreas de forragem e gradualmente sangrá-lo até a morte eram os métodos que Fábio iria empregar contra o general que, muito sabiamente, ele não estava disposto a encontrar em circunstâncias normais. A única coisa que Fábio tinha a fazer, como percebeu, era evitar a derrota. A vitória que almejava não era do tipo tradicional em campo de batalha — algo que o génio de seu oponente mostrou improvável — mas o sucesso obtido através de um longo período de tempo, se necessário. A presença de suas tropas deve ter sido utilizada para assegurar aos aliados e suas cidades que Roma olhava por eles. O tempo e a própria extensão da terra, trabalhariam por ele em seu benefício. O exército cartaginês deveria ser degredado lentamente, seu moral demolido, e suas chances de levá-lo a uma batalha convencional reduzidas ao mínimo.

Aníbal havia se decidido contra um assalto à própria Roma e tinha se deslocado com suas tropas através da Úmbria e do Piceno na costa oriental da Itália. Seu exército, carregado de saques e conduzindo o gado à sua frente, alcançou o Adriático e parou para apreciar os frutos de seu sucesso, enquanto Aníbal aguardava que o clima e o bom repasto restaurassem a saúde de seus homens; afinal eles haviam resistido a um duro inverno, foram obrigados a dar o máximo de si ao transpor-os pântanos do Arno, e finalmente prosseguiram até conquistar uma grande e decisiva vitória. Entre os seus espólios estavam armas e armaduras capturadas em Trasimeno, e Aníbal começou a reequipar seus próprios homens e os gauleses, treinando esses últimos no uso de suas novas armas e tentando inculcar-lhes um pouco da disciplina do soldado profissional.

Os surtos de escorbuto das tropas eram laçados com frutas frescas e óleo, enquanto os cavalos que sofriam de sarna restabeleciam-se com boa forragem e massagens com álcool (vinho). Enquanto os cavalos ficavam lustrosos e os homens cansados mais fortes e saudáveis, ele enviou mensageiros pelo mar, possivelmente usando embarcações capturadas na costa, para relatarem a situação a Cartago. Em nenhum momento cometera o erro de pensar que somente suas campanhas pudessem trazer à sua cidade uma vitória conclusiva. Ele precisaria de apoio por mar ou por terra através dos Alpes, e era importantíssimo que a segurança do império cartaginês na península Ibérica fosse preservada.

Quando Aníbal moveu-se para o sul, Fábio o seguiu, mantendo seus homens no sopé dos Apeninos, de onde ele poderia despachar grupos de ataque para isolar forrageadores e acossar os flancos do inimigo. Deixou claro desde o início que evitaria qualquer batalha extensa e, todas as vezes que Aníbal parecesse lhe oferecer tal oportunidade, ele cautelosamente a ignoraria. O cartaginês, agora, havia cruzado novamente os Apeninos e rumado para a planície de Cápua, a mais exaltada de toda a Itália, tanto por sua fertilidade quanto por sua beleza.

Aníbal esperava não apenas aterrorizar algumas das maiores cidades para desertarem da aliança romana, mas também abrir comunicações marítimas com Cartago. A planície de Cápua, pela qual ele havia conduzido seu exército, não era apenas rica e fértil, mas também de difícil acesso. A oeste ficava o mar Tirreno e nas outras direções, altas cadeias de montanhas através das quais havia apenas três desfiladeiros principais, um partindo do território do Sâmnio, o segundo ao norte saindo do Lácio, e o terceiro ao sul, do país dos irpinos. Ao atacar Cápua, a mais rica cidade na Itália depois de Roma, Aníbal esperava poder atrair Fábio para a planície e lançá-lo numa batalha determinada. Sabia existir na antiga Cápua um partido hostil a Roma que procurava independência da confederação latina. Ele tinha como certo que, se destruísse o exército romano, não apenas Cápua se apartaria de Roma mas também os ricos portos marítimos ao redor do golfo de Nápoles.

Contudo, Fábio não seria demovido de sua estratégia, e não fez mais do que seguir Aníbal até a Campânia, acampando no sopé do monte Massico, onde ele poderia guardar o desfiladeiro através do qual os cartagineses haviam chegado, e ainda evitar alguma batalha mais encarniçada com o inimigo. Uma malsucedida investida da cavalaria, liderada por um jovem oficial que defendia a escola da "ação a qualquer custo" fora desbaratada pêlos númidas. Isso provou a sabedoria das táticas de Fábio, mesmo que a lição não fosse totalmente absorvida por todos sob seu comando.

Os bois incendiários de Aníbal[editar | 
Quinto Fábio Máximo havia, de fato, acercado-se de Aníbal com extrema discrição e bom senso, e Aníbal, por sua vez, parecia ter caído numa armadilha tal como as que ele adorava armar para os inimigos. Fábio guarnecera a cidade de Casalino atrás do exército cartaginês, bloqueara a via Latina, reforçando as tropas ali, e tomara a via Ápia. O desfiladeiro através do qual Aníbal penetrara na planície estava agora guardado por quatro mil homens e era vigiado pela maior parte das próprias tropas de Fábio em seu acampamento numa colina à frente dele. Era alto verão, e Fábio sabia que Aníbal logo teria que se mover, pois a terra ao seu redor, embora rica e fértil, não possuía qualquer local adequado para quartéis de inverno. Seria razoável conjecturar que Aníbal se retiraria para a costa leste. O exército cartaginês, além disso, estava sobrecarregado com escravos e prisioneiros, toda a bagagem, saques, provisões e milhares de cabeças de gado. Quando Aníbal aproximou-se e montou seu acampamento sob a colina vigiada pelos romanos, Fábio acreditou que finalmente teria seu inimigo numa posição da qual não haveria escapatória e, pela primeira vez em sua longa perseguição ao cartaginês, permitiu-se um discreto otimismo. De acordo com Políbio, "Ele estava, de fato inteiramente preocupado rm considerar até que ponto e como deveria se aproveitar das condições locais, com que tropas deveria atacar e de qual direção".

Tendo sido a sua oferta de batalha ignorada, Aníbal não era homem de perder tempo, nem de permitir ao romano uma oportunidade de completar suas disposições e atacar de acordo com um cuidadoso plano de ação. Convocando seu comandante, Asdrúbal, ordenou-lhe que reunisse o máximo de feixes de lenha e tições possível e que conduzisse umas duas mil cabeças de gado à frente do exército. Antes da noite cair, mostrou a Asdrúbal uma elevação no solo, acima do desfiladeiro pelo qual ele pretendia levar o exército, e disse-lhe para destacar servidores do exército em número suficiente para conduzir uma leva de gado de modo coordenado, cuidadosamente. Ataram tochas de madeira nos chifres do gado e, após escurecer, os rebanhos foram conduzidos através da cordilheira acima do desfiladeiro, do outro lado do corpo do exército romano.

Aníbal enviou alguns de seus inestimáveis lanceiros para acompanharem essa estranha força-tarefa e, então, tendo-se assegurado de que todos haviam se alimentado e estavam prontos para uma marcha noturna, esperou pela execução de suas ordens. Tão logo o gado chegou ao local mais elevado, ele assumiu a liderança na vanguarda de suas tropas munidas de armas pesadas, colocando atrás a cavalaria e, em seguida, o gado capturado, e posicionando os celtas na retaguarda junto com suas leais tropas ibéricas. Subitamente, o morro começou a resplandecer com luzes, e o silêncio foi quebrado pelos gritos dos homens que tocavam os animais pela cordilheira.

Com as tochas queimando em seus chifres, o gado corria selvagemente através da noite à frente de seus pastores. Aníbal ordenou que seu exército fosse adiante e iniciasse a marcha. As tropas romanas que guardavam a entrada do desfiladeiro viram as luzes avançando pela cordilheira acima deles e naturalmente pensaram que estavam sendo flanqueadas. A despeito das ordens de Fábio de que ninguém deveria, de forma alguma, fazer qualquer movimento contra os cartagineses, eles partiram para enfrentar a ameaça. Assim que viram as luzes avançando pela escarpa, pensando que Aníbal vinha rapidamente daquela direção, eles deixaram a parte estreita do desfiladeiro e avançaram para a colina a fim de enfrentar o inimigo. Mas quando chegaram perto dos bois, ficaram totalmente desconcertados diante das luzes, imaginando-se a ponto de encontrar alguma coisa muito mais formidável do que a realidade.

O exército em movimento que os romanos esperavam revelou ser não mais do que gado — seus condutores fugiram pela noite, em meio à confusão. Enquanto se desatinavam na colina coberta de arbustos, procurando por um inimigo de verdade, os lanceiros surgiram. Saindo da escuridão, dos ásperos seixos, os formidáveis cartagineses, brandindo os forcados que (como já havia sido demonstrado) sobrepujavam a espada dos legionários em combate individual, avançaram para a matança. Fábio e sua equipe, acordados pelo barulho e pelas luzes movendo-se na escarpa, ficaram em dúvida sobre o que fazer naquela situação. Mas de uma coisa Fábio estava certo: ele não tentaria qualquer forma de ação até a luz do dia, quando pudesse ver por si mesmo exatamente o que seria necessário.

Ele, também, que parecia ter obscurecido seus predecessores ao evitar as armadilhas engendradas pelo astucioso cartaginês, tinha, por sua vez, sido enganado e iludido. Preparara um laço para Aníbal e acabava apanhado na própria armadilha, devido a algo que jamais havia considerado. Aníbal cercava-se de informações sobre seu sagaz e cauteloso oponente, presumindo com acerto que o ditador romano nunca deslocaria suas tropas durante a noite. Ele também conjecturara cuidadosamente que as tropas que guardavam a entrada do desfiladeiro jamais se permitiriam ser flanqueadas por aquilo que julgariam ser o exército cartaginês se movimentando. Assim como antes permitira que a natureza impetuosa de Semprônio e Flamínio os levasse a situações das quais não poderiam escapar, estimara bem a cautela de Fábio e arranjara para que ela trabalhasse contra ele.

Enquanto o corpo principal do exército romano permanecia em seu acampamento, o exército de Aníbal marchava em silêncio através da escuridão.Com a luz do dia, os romanos olharam para baixo e descobriram como haviam sido enganados: nenhum exército cartaginês estava mais acampado aos seus pés. Antes que pudessem entender de fato o que havia acontecido, Aníbal enviou de volta alguns de seus iberos para darem assistência às tropas que haviam ficado engajadas na operação noturna. Um choque ferino teve lugar nas escarpas onde aquelas armas da decepção, o gado com seus longos chifres, agora pastavam. Os iberos e os lanceiros que portavam armas leves eram páreo mais do que suficiente para os pesados legionários em terreno áspero e, após matarem cerca de mil romanos, escaparam e foram se juntar à retaguarda de Aníbal. O exército invasor, com seu dilatado comboio de carga, seu gado e seus prisioneiros, seguiu adiante confiantemente.

Ditadura dupla
Fugir, com sucesso, da armadilha preparada por Quinto Fábio Máximo resolvera os problemas imediatos de Aníbal, mas não afetara a questão a longo prazo: o exército romano permanecia intacto e não derrotado. Isso estava bastante claro para o cartaginês, e também para Fábio — nas não para seus homens e seus oficiais. Para a maioria do exército, e a maioria dos romanos distantes da região da batalha, a escapada de Aníbal era outro exemplo do fracasso da política do ditador. Aníbal, agora, prosseguia devagar pelo vale do rio Volturno até Venafrano, de onde apareceu para ameaçar as cercanias orientais de Roma. Esperava, sem dúvida, induzir Fábio a dirigir-lhe uma represália. Como nada aconteceu, moveu-se pelo Sâmnio, através dos Apeninos, até Sulmona, saqueando a terra, à medida que passava, e finalmente tomando de assalto Gerônio, um rico celeiro de grãos, onde instalou um acampamento fortificado.

Contudo, em um ano que fora de um inequívoco sucesso, Aníbal não tinha realizado o que se propusera a fazer. A despeito do fato de que, em termos militares, ele tinha patenteado aos romanos e a seus aliados que a Itália estava aberta para ele arruinar e devastar como o fizera, e apesar de sua comprovada superioridade quanto às armas e à estratégia sobre os romanos, nem uma só cidade havia se voltado para a causa cartaginesa. A confederação romana permanecia sólida como rocha. Fábio, fiel aos seus princípios, não tinha feito mais do que seguir Aníbal através dos Apeninos até a Apúlia, e acampara não muito longe da base cartaginesa em Gerônio. Sua estratégia continuava a mesma: isolar os soldados extraviados e acossar os destacamentos de forrageadores do inimigo, evitando porém a ação em campo de batalha.

No outono daquele ano, foi chamado de volta a Roma, oficialmente para cumprir alguns deveres religiosos de sua incumbência como ditador, mas provavelmente também para enfrentar as críticas à sua política militar. Antes de partir, diz-se que ordenou a Marco Minúcio Rufo e aos outros oficiais superiores não se envolverem, em hipótese nenhuma, em qualquer ação maior. Minúcio, o chefe dos cavaleiros, embora tão ansioso para enfrentar o inimigo quanto alguns de seus predecessores, era um soldado habilidoso e bastante capaz de perceber as vantagens dos métodos de Fábio. Ele decidiu, contudo, aperfeiçoá-los e, tendo notado que Aníbal e seus homens haviam ficado negligentes por menosprezarem os romanos, tirou vantagens de seus métodos irregulares de busca de forragem. Observando que algo em torno de dois terços das forças de Aníbal estavam espalhadas por toda a área rural e somente um terço permanecia na base em Gerônio, Minúcio enviou a cavalaria e tropas leves para atacar os destacamentos de forragem. Uma grande quantidade de forrageadores foi morta e ele ficou suficientemente animado para fazer um ataque direto ao próprio acampamento cartaginês.

Pela primeira vez desde que penetrara na Itália, Aníbal encontrou-se numa embaraçosa e desvantajosa posição, da qual ele só se livrou com o retorno de um grande destacamento liderado por seu comandante Asdrúbal. Se Aníbal aprendera uma lição — mais cautela e menos confiança — Minúcio podia certamente sentir que havia dado ao cartaginês um pouco de seu próprio remédio. As notícias dessa vitória, tal como parecia ser, foram rapidamente transmitidas a Roma, onde tiveram o efeito desejado. Este fora o primeiro sucesso que os romanos e seus aliados haviam tido desde o início da guerra, e parecera demonstrar que uma política agressiva, mas conduzida com inteligência tal como a demonstrada por Minúcio, compensaria as táticas vergonhosas e hesitantes de Fábio, que permitiram que a terra fosse devastada. Romanos de todas as classes parecem ter sentido que eles já haviam aturado mais desprezo da parte desses invasores do que poderia ser tolerado e as notícias da "vitória" de Minúcio inspirou-os com renovadas esperanças.

Por uma decisão sem precedentes, chegou-se ao consenso, numa reunião do povo, de que Minúcio deveria ter poderes igualados aos de Fábio. Tal divisão da ditadura anulou completamente seu próprio conceito, e, na verdade — ao menos quanto ao exército — reduziu Fábio e Minúcio a uma situação similar à do dois cônsules no comando. Contudo, uma vez dividida a ditadura, havia a opção, para cada homem, entre tomar duas legiões sob seu comando exclusivo ou agir como se fossem cônsules, cada qual assumindo o comando de todas as quatro legiões em dias alternados. Essa hipótese foi recusada por Minúcio e, quando Fábio retornou de Roma no outono de 217 a.C., surgiu a absurda posição de dois "ditadores" no comando de dois exércitos romanos divididos — ambos com diferentes crenças sobre o modo de conduzir a guerra. Aníbal não deve ter custado a saber dos últimos acontecimentos, acrescidos do fato de duas metades do exército romano ficarem, agora, em acampamentos separados.

Tal situação vinha a calhar para Aníbal, que não demorou a decidir o curso de sua ação. Sua experiência, por todo o verão, ensinara que Fábio não podia ser atraído a uma armadilha, enquanto seu recente encontro com Minúcio tinha lhe mostrado que este último, mesmo que bastante hábil, era possível de ser enganado sob ataque. Começou, então, a engendrar uma emboscada muito semelhante em estilo àquela que fora tão bem-sucedida em Trébia; para tanto, valeu-se mais uma vez das inclinações do seu oponente como arma em seu próprio favor da própria disposição da terra.

Políbio conta a história: Havia uma elevação entre seu próprio acampamento e o de Minúcio que podia ser usada , contra qualquer um deles, e ele resolveu ocupá-la (...) O solo ao redor da colina era desarborizado, mas possuía muitas irregularidades e cavidades de todas as espécies, e ele despachou, à noite, para a posição mais adequada a uma emboscada, quinhentos cavaleiros e cerca de cinco mil homens portando armas leves e ainda outros de infantaria. Para não serem avistados ao amanhecer pelos romanos que saíssem para forragear, ele ocupou a colina com as tropas que portavam armas leves tão logo o dia rompeu.

Minúcio, constatando isso e achando ser uma oportunidade favorável, enviou imediatamente sua infantaria ligeira com ordens de combater o inimigo e disputar a posição. Ansioso por expulsar da colina o que ele imaginava ser a guarda avançada de Aníbal e barrar sua ocupação, Minúcio enviou adiante a cavalaria e, então, ele próprio avançou com suas duas legiões. Toda a atenção dos romanos fixou-se inteiramente sobre a colina onde a batalha preliminar estava tendo lugar. De modo a convencer os romanos de que aquele era o objetivo principal de seu interesse, Aníbal continuou enviando reforços para auxiliarem os homens que sustentavam posição contra o ataque romano. As forças leves romanas foram gradualmente forçadas para trás pelo peso dos cartagineses e, à medida que recuavam, colidiam com as legiões que avançavam para apoiá-las e as lançavam em confusão. Aquele era o momento — e o sinal foi dado. As tropas de Aníbal, escondidas, surgiram de todas as direções e caíram sobre as legiões pela retaguarda. O exército inteiro de Minúcio encontrava-se, agora, numa perigosa posição (...) uma outra Trébia era iminente. Só foram salvos pela ação de Fábio. Desta vez, "o Protelador" não protelou por mais tempo, e trouxe suas duas legiões para o resgate. Aníbal, ao ver as novas legiões avançando, abandonou sabiamente a perseguição ao exército tomado de pânico de Minúcio e retirou seus próprios homens. Os romanos haviam perdido muitos de suas tropas leves e ainda mais de seus melhores legionários.

Foi uma lição que Minúcio aprendeu a fundo. Ele não apresentou desculpas a Fábio, agradecendo-lhe por seu resgate, mas também admitiu que toda a ideia de dois ditadores e a divisão do exército estava errada. Entregou sua parte do comando a Fábio e de bom grado relegou a si próprio sua posição inicial de chefe dos cavaleiros. Os dois acampamentos romanos desagregados voltaram a se integrar, dando ao exército, uma vez mais, um corpo único e forte com uma base: todos reconhecendo que Fábio era legitimamente o único líder e que sua estratégia estivera todo o tempo correta. Aníbal não tardou a perceber que o fato de os romanos terem deliberadamente escolhido uma nova unidade era um mau sintoma para a sua campanha. A disposição das tropas derrotadas, bem como de seu comandante, em aceitar a liderança de Fábio, a quem havia aprendido a respeitar durante aqueles meses de verão, mostraram um novo espírito. Durante a campanha do ano anterior, e desde o combate no Ticino um ano antes desse, haviam cultivado o desprezo tanto pelos soldados romanos, quanto por seus generais, mas já havia evidência de mudança. Aníbal possuía, agora, uma paliçada erguida ao redor da colina, ligando essa posição por trincheiras ao seu acampamento em Gerônio, montado para o inverno.

Fim da ditadura
Até a primavera de 216 a.C., os dois exércitos ficaram opostos um ao outro, e os meses se passaram sem mais hostilidades. O encargo de ditador de Fábio chegou ao fim e até a eleição de novos cônsules no ano seguinte, Servílio, que havia comandado as legiões em Arrimium Rímini, e Marco Atílio Régulo, que havia sucedido a Caio Flamínio após sua morte no Trasimeno, assumiram o comando. Aníbal tinha muito sobre o que pensar. O ano que se iniciara tão bem para ele, e durante o qual obtivera somente sucessos sobre os romanos, não era de todo satisfatório para os cartagineses. As coisas não iam bem na península Ibérica. Irrompera uma revolta entre os celtiberos; os romanos consolidavam seu domínio sobre a parte norte do território, e seu irmão Asdrúbal havia se retirado ao sul do rio Ebro para o inverno. Por todo o mar, o poder da frota romana havia mostrado que o controle do Mediterrâneo ainda permanecia firmemente nas suas mãos. Ele não tinha sido capaz de tirar vantagem da vitória em Trasimeno atacando a capital romana; e nem um só aliado voltara para ele. Nenhum reforço havia chegado de Cartago e, como os espiões cartagineses dentro da cidade devem ter lhe informado, portos marítimos, como Nápoles, haviam declarado que sua aliança com Roma era inabalável.

0'Connor [3] assim relata a situação ao final do ano: "E se Roma havia sido derrotada por um grande capitão, seus recursos destinados à guerra eram ainda enormes. Ela já havia lançado oito legiões duplas a campo, engrossando amplamente o número de homens nas fileiras para a campanha do ano vindouro; ela iria opor noventa mil homens a Aníbal, que não possuía mais do que cinquenta mil, sendo, talvez, três quartos deles gauleses; ela preparara um exército para marchar pelo norte da Itália, para impedir os gauleses de auxiliarem seu terrível inimigo. Seu austero espírito nacional, também, estava mais aguçado do que nunca; ameaçou a corte de Macedônia e as tribos ilírias, advertindo-as de que seria melhor ficarem imóveis; e com admirável sabedoria, ela recusou ofertas de dinheiro feitas por Hierão II, seu rei vassalo da Sicília, e por vários dos Estados itálicos aliados, aceitando, contudo, ajuda para a guerra."

A única notícia passível de ter inspirado confiança a Aníbal foi a de que os romanos não intencionavam reeleger um ditador: estavam retornando ao sistema consular. Os nomes e a história dos dois novos cônsules também devem ter lhe dado motivos para sentir que seus inimigos repetiam seu velho erro. Um era partidário da aristocracia e o outro, um conhecido demagogo. O primeiro, Lúcio Emílio Paulo, membro de uma renomada família patrícia, havia ocupado o cargo de cônsul em 219 a.C. e tinha um bom passado militar. Leal partidário da aristocracia, recebeu dela votos para conquistar o cargo, pela segunda vez, de modo a contrabalançar a influência de seu companheiro cônsul, Caio Terêncio Varrão.

Não poderiam ter sido escolhidos dois homens mais dessemelhantes. Varrão era um plebeu, de opiniões ultrademocráticas, que conseguira ascender ao cargo com o voto popular por seus ataques difamatórios ao ditador Quinto Fábio Máximo. Seus argumentos, e os dos que o apoiavam, serão familiares aos que tiverem observado o padrão de políticos similares em séculos posteriores: os nobres buscaram a guerra por muitos anos e foram eles que trouxeram Aníbal até a península Itálica. Eram as suas maquinações, também, que mantinham a guerra, quando ela já poderia ter tido uma conclusão vitoriosa; os cônsules empregavam as táticas de Fábio para prolongarem a guerra, quando poderiam ter acabado com ela. Os nobres todos haviam feito um pacto para tal resultado; e o povo não veria um fim para a guerra até que elegesse um verdadeiro plebeu, um novo homem, para o consulado.

Aníbal deve ter se familiarizado com a natureza dos dois cônsules, pois possuía informantes em Roma. Ele só esperava pela quase inevitável divisão de opinião entre o patrício e o plebeu, algo de que tiraria vantagem de modo a forçar os romanos à batalha que Fábio lhe havia negado. A despeito do registro de seus triunfos na Itália ao longo de duas temporadas de campanhas, Aníbal precisava muito de uma vitória. Uma vitória tão decisiva, que fizesse os aliados de Roma finalmente romperem sua aliança com ela."

Teoria da Conspiração Fabiana
O conceito do Fabianismo visa desqualificar a direita nacional no Brasil!


A verdadeira origem do conceito de Fabianismo vem do General romano Fábio Máximo, que era conhecido por protelar e tinha uma técnica de guerra conhecida por marchar ao centro, a sociedade citada neste artigo e neste livro: "Cadernos de Liberdade", teve origem filosófica neste personagem da história e o socialismo democrático aqui citado teve origem democrática na França da queda da Bastilha. como postei no artigo anterior: Ideologia, eu quero uma pra viver... O movimento fabiano descrito aqui e em geral proposto como tese e argumento por Olavo de Carvalho nas redes sociais e por seus seguidores é um erro filosófico para desqualificar posturas de centro como válidas, obrigando a radicalização nos extremos para definir uma bipolarização e um confronto nos extremos. Na prática, quando se desqualifica uma posição centralizadora, quando a torna inválida do ponto de vista político e ideológico, se joga para os extremos o conflito! No momento que se completa esta filosofia com a tese de que não há direita no Brasil, só esquerda, tratando toda a direita como um movimento de centro "fabiano", desqualificando qualquer argumento lógico e racional contrário, na verdade o que se busca é impedir a lógica de que o voto brasileiro se encontra em grande maioria em uma camada central de interesses, ao centro, sem extremos, é ali que fica o indeciso, em geral, o povo brasileiro não é radical em sua grande maioria decisória eleitoral, o voto está no centro! Nas redes sociais, os conflitos são contínuos, em geral extremados, no entanto, é claramente sabido que as campanhas nas redes sociais são superestimadas, que em geral os números aqui podem facilmente serem manipulados por hackers e grupos de interesse político ou para um lado ou para outro e em geral cada lado tem seu próprio prognóstico sobre uma vitória certa, sendo ambos em geral errados quando nos extremos, a prática demonstra quase sempre uma postura menos extremada e mais equilibrada do ponto de vista do eleitor mediano, ou, como diriam os discípulos de Olavo e cia, os fabianos. O problema desta teoria é que ela acaba por beneficiar indiretamente a esquerda e não a direita, pois retira votos válidos da direita ao desestimular o voto consciente e uma vez que os eleitores da esquerda nunca deixam de votar de modo válido e pouco se importam em serem chamados de centro esquerda ou de centro e que buscam também mostrar que não são tão radicais, ao menos no discurso, quanto seus adversários, não votam nulo, não se abstêm de votar e não votam em branco, como os que se dizem de direita, mas não conseguem se ver representados por partido algum no Brasil, por conta da desqualificação do voto chamado fabiano nas redes sociais. Em fim, na prática, tal teoria só favorece mesmo a esquerda e ao defensor desta tese que se autopromove como senhor absoluto da verdade inquestionável, pois quer ter razão a qualquer custo e se questionado gera posturas radicais para defender-se, anulando lógicas e desqualificando adversários com ataques pessoais, não posturas argumentativas lógicas ou racionais, até por que não as tem de fato, uma vez que suas bases técnicas são de outros teóricos com argumentos que reforçam sua teoria da conspiração para negar tudo e todos, sem nada apresentar em contraponto como solução politica viável. Ao negar políticas de centro, promove a radicalização como política de solução, mas ao negar também a esquerda e a direita, permite uma situação de caos político, um Estado anárquico, na prática um discurso que pode ser reconhecido por anarco capitalista, uma vez que se posiciona mais a direita para justificar sua tese, mas que na prática estimula ao surgimento de ditadores, tanto de um lado como de outro. Pessoas que não desejam votar ou que desejam justificar seu ódio contra tudo e contra todos tem adotado este discurso inflamado e radical, incompleto do ponto de vista teórico e como não buscam a fonte da origem do fabianismo e entendem que esta é a fonte primária da corrente filosófica, acatam como verdade absoluta. Meu texto sobre a origem da filosofia social democrata no Brasil: Ideologia, eu quero uma pra viver... mostra que tudo teve um propósito diferente, na prática, a consciência é que sempre se soube que no Brasil o voto principal está no centro e por isto a política foca neste principal grupo eleitoral, não por outro motivo. Nos momentos de decisão, é o eleitor indeciso, ao centro, que decide, ou com sua ação, ou com sua omissão! Na prática, é este o voto que tem feito a diferença sempre no Brasil e toda vez que este eleitor de centro é induzido, mesmo que pelas redes sociais a não votar, ajuda a manter no poder quem lá está, foi este o principal papel de Olavo e seus aliados nas últimas eleições, o de induzir pessoas ao erro com omissões. No meu entendimento, ele não é fabiano realmente, mas também não é meramente anarcocapitalista, apenas usa este discurso para sua promoção pessoal, mas na prática acaba por estimular a esquerda do Brasil pois não colabora de fato com a formação de um voto de direita, não ajuda a formar uma direita nacional com sua postura, muito menos com suas fontes incompletas e seus estudos direcionados para a desqualificação da humanização do ser. Olavo busca a radicalização como perfeição e perfeição não existe, nem a dele, apesar de que pensa de modo contrário, neste sentido, adota uma postura Grega, Platônica, idealizada, deixando de lado a filosofia Aristotélica, da prática real! Tudo não passa de marketing pessoal e como está fora do Brasil, não poderá sofrer prisões aqui, se for processado ou acusado de incitação a violência ou de alguma calúnia e difamação, dai o motivo dele gostar tanto de ver o circo pegar fogo, uma vez que o palhaço está fora do picadeiro, pode rir a vontade dos outros queimando por sua "brincadeira" de mau gosto! Na prática, tal postura deixa de ser filosofia para ser conhecida por algo que na Grécia Antiga era chamado de Sofisma. Sofista era o indivíduo que vendia uma filosofia incompleta. A saber, Filósofo é o amigo da verdade, amigo do conhecimento, não dono do conhecimento ou da verdade, isto é um sofisma, uma indução ao erro, uma distorção ideológica da verdade!