Diferentes conceitos da noção de Fabianismo!
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Sociedad Fabiana |
"O Fabianismo
é uma doutrina e um movimento político-ideológico socialista democrático,
reformista e não-marxista, de concepção inglesa. Teve origem na Fabian Society
fundada em Londres no final de 1883 e início de 1884 por um grupo de jovens
intelectuais de diferentes linhas socialistas, com o propósito de reconstruir a
sociedade com o mais elevado ideal moral possível. Objetivamente tinha a
finalidade de promover a gradual difusão do socialismo, entendido como fim das
injustiças econômicas e sociais da sociedade liberal, burguesa e capitalista.
Mas, ao mesmo tempo rejeitava a doutrina marxista e, especialmente, a
transformação pela revolução violenta. A idéia era a de que a transição do
capitalismo para o socialismo poderia ser realizada por meio de pequenas e
progressivas reformas, dando início ao socialismo no contexto da sociedade
capitalista.
Embora os
primeiros fabianos ainda sofressem influência do marxismo, os seus conceitos de
economia não eram de Marx, mas de John Stuart Mills e Willian Stanley Jevons.
Afirmaram que o utilitarismo, há tanto tempo usado para sustentar o
individualismo, realmente, nas modernas condições, aponta para uma crescente
intervenção estatal na economia para promover a maior felicidade de um maior
número. Contradizendo os marxistas, o Estado não é um organismo de classe a ser
tomado, mas, um aparelho a ser conquistado e usado para promover o bem-estar
social. Os fabianos, portanto rejeitam o socialismo revolucionário.
Os membros da
“Fabian Society”são principalmente intelectuais, professores, escritores, e
políticos. Foram os principais fundadores Edward R. Pease, o casal Sidney e
Beatrice Webb, George Bernard Shaw, H.G. Well outras destacadas personalidade.
Efetivamente, a Fabian Society tem sido sempre um grupo de intelectuais.
Seu proselitismo,
em determinadas questões, segue uma política de “permeação” das suas idéias
socialistas entre os liberais e conservadores. Tentam convencer as pessoas por
meio de uma argumentação socialista objetiva e racional em vez de uma retórica
passional e de debates públicos.
Acreditam que não
existe uma separação nítida entre socialistas e não socialistas e que todos
podem ser persuadidos a ajudar na realização de reformas para a concretização
do socialismo.
Com as adesões de
Bernad Shaw (1884) e de Sidney Webb (1885), a sociedade começou a assumir seu
caráter próprio, vindo a se tornar efetivamente socialista a partir de 1887.
Em 1889, sete
membros fundadores redigiram um livro que levou o nome de Fabian Essays in
Socialism (Ensaio Fabiano sobre o Socialismo), resumindo as bases doutrinárias
da Sociedade.
Sidney Webb e
Bernad Shaw, repudiando o marxismo, reconheciam que o desenvolvimento promovido
pelo “laisser faire” (o capitalismo liberal) correspondia também a uma
intervenção do Estado em defesa do trabalhador ou, pelo menos, na melhoria da
qualidade e condições de vida. A legislação sobre salários, condições e jornada
de trabalho e a progressiva taxação dos ganhos capitalistas é um meio inicial
de realizar a eqüitativa distribuição de benefícios. O passo seguinte na
direção do socialismo, em termos de reformas sociais mais profundas, será a
adoção da propriedade e administração estatais das indústrias e dos serviços
públicos. Recomendam também a criação do “imposto único”.
Os fabianos são
realistas e procuram convencer todas as pessoas, independentemente da classe a
que pertencem e com argumentos lógicos, que o socialismo é desejável e que
melhor realizará a felicidade humana.
A Sociedade
Fabiana não se dispôs a se organizar em partido, permanecendo sempre como um
movimento. Entretanto, em 1906 um grupo de fabianos e sindicalistas fundaram o
Labour Party (Partido Trabalhista Britânico) que adota o fabianism como uma das
fontes da ideologia partidária.
Em 1945 o Labour
Party chega ao poder na Grã-Bretanha expandindo o fabianismo. O Partido no
governo consegue realizar quase todo o ideário dos fabianos.
Atualmente, a
Fabian Society atua principalmente como um centro de discussão intelectual, de
propaganda e de difusão do socialismo democrático e como uma referência na
Grã-Bretanha para os socialistas, em especial de classe média, que não desejam
comprometer-se com o Labour Party.
Antes da Primeira
Guerra Mundial (1914-1918), os fabianos tinham pouca preocupação com o
movimento socialista em outros países. Durante o conflito adotaram até uma
posição nacionalista exacerbada.
Na prática
política, parece que os fabianos não têm dificuldade de entendimento com os
socialistas revolucionários podendo apóia-los ou com eles fazer alianças,
particularmente para atingirem algum objetivo intermediário.
Em termos de
internacionalismo, o fabianismo tem sido sempre considerado a ala direita do
movimento socialista. Ideologicamente, coloca-se em posição intermediária entre
o capitalismo democrático e o marxismo revolucionário. Com esta posição, em
1929, o movimento Fabiano se propõe como a Terceira Via, identificação ambígua
quando, na propaganda política, não vem acompanhada de uma definição clara e
ostensiva. Após o colapso da União Soviética em 1991, o apelo sedutor da
Terceira Via voltou à cena para atrair as esquerdas desorientadas e os
intelectuais idealistas sempre sensíveis às novidades.
Repudiando o
conceito de luta de classes, os fabianos em geral reconhecem que a lealdade ao
seu próprio país vem antes do que qualquer lealdade ao movimento internacional
do proletariado. Isto não impede que Bernard Shaw, em discordância com a
atitude nacionalista Fabiana, fosse a favor de uma unificação do mundo em
unidades políticas e econômicas maiores. Determinados fabianos realmente
manifestaram a aspiração de um Estado mundial do tipo tecnocrático, cujo germe
deveria ser o Império Britânico, com a função de planejar e administrar os
recursos humanos e materiais do planeta. A este respeito, chama a atenção as
relações de afinidade, se não de filiação, entre os fabianos e círculos
mundialistas anglo-saxões como o Royal Institute of Internacional Affais
(inglês) e o Council on Foreign Relations (norte-americano), criado em 1919.
Provavelmente, foi
a partir do conhecimento desta idéia de império mundial, da existência de
relações dos fabianos com intelectuais e políticos norte-americanos e da
atuação de certas organizações não-governamentais nos EUA que o senhor Lyndon
H. La Rouche Jr. engendou a teoria conspiratória de um eixo Londres-Nova Iorque
da oligarquia financeira internacional para a criação de um império mundial de
língua inglesa, com a supressão dos estados nacionais.
Entre as
organizações não governamentais norte-americanas está uma denominada Diálogo
Interamericano, fundada em 1982, cujos integrantes são notáveis personalidades
“permeadas” pelo socialismo Fabiano.
Foi por intermédio
do Diálogo Interamericano que o Sr Fernando Henrique Cardoso se uniu em 1992 ao
movimento Fabiano tendo tentado atrair também o Sr Luiz Inácio Lula da Silva.
O DIÁLOGO
INTERAMERICANO (DI)
A eclosão da
Guerra das Malvinas em abril de 1982 e o agravamento da crise da dívida dos
países latino-americanos trouxeram preocupações a um grupo de políticos,
empresários, economistas e intelectuais norte-americano provavelmente
“permeados” pelo fabianismo e integrantes de uma entidade privada internacional
denominada Comissão Trilateral. Três seminários foram realizados, entre junho e
agosto de 1982, sob patrocínio do Centro Acadêmico Woodrow Wilson para examinar
a situação no Continente que, segundo entendiam decorria, em primeiro lugar, da
existência de regimes militares autoritários na América Latina. A situação se
completava com a declaração da moratória do pagamento da dívida externa do
México e com os movimentos revolucionários comunistas na América Central
(Nicarágua, Costa Rica, Honduras, El Salvador e Guatemala).
Em conseqüência,
em outubro de 1982, foi criada a entidade privada internacional Diálogo
Interamerican (DI), com a participação de personalidades da Trilateral (Robert
Mc Namara, Cyrus Vence, George Schultz, Elliot Richardson e outros) e de 48
representantes da América Latina, inclusive seguidores da Teologia da
Libertação. Fernando Henrique Cardoso foi um dos fundadores do DI.
Os temas que o
Diálogo Interamericano procurou forçar ou induzir a se submeterem os governos
da região são trazidos da Trilateral, temas que também esta procura introduzir
na política oficial dos EUA. A idéia de inspiração fabiana parece ser a de
promover uma ampla abertura política nos países latino-americanos, muitos ainda
sob regime militar autoritário, para dar espaço e condições para o
restabelecimento da democracia e, conseqüentemente, para abrir caminho à
transição para o socialismo reformista.
Para tanto, haveria
necessidade de remover os obstáculos existentes; de imediato, as forças armadas
daqueles países. As sugestões ou exigências do DI foram levadas à execução por
um empreendimento denominado Projeto Democracia (1982):
Submissão das
forças armadas ao controle político civil;
Participação das
forças armadas no combate ao narcotráfico;
Criação de uma
força militar multinacional para intervir em favor da paz no caso de conflitos
regionais e de violação dos direitos humanos;
Direitos Humanos;
Conceito de
soberania limitada (direitos humanos e meio ambiente);
Em uma reunião
realizada em 1986, foram feitas algumas outras recomendações:
Legalização
("descriminização" seletiva) de certas drogas;
Direito da URSS se
manifestar sobre assuntos Ocidentais;
Criação de uma
“rede democrática” com poder de se opor, tanto aos comunistas, quanto aos
militares da Região;
Reduzir a
participação dos militares nos assuntos de natureza civil.
Alguns membros
mais radicais de orientação Fabiana defendem também a criação de um tribunal
internacional para julgamento de pessoas acusadas de violação de direitos
humanos, inclusive com a revisão da anistia de que se tenham beneficiado
militares que lutaram contra a subversão comunista em seus países.
O Diálogo
preocupou-se ainda com um problema considerado de segurança nacional: as
imigrações desordenadas de latino-americanos para os Estados Unidos. Considerou
que o controle da natalidade nos países do Terceiro Mundo seria a única solução
para evitar a descaracterização da cultura americana. Note-se que a lealdade
nacional é mais forte do que o internacionalismo Fabiano.
Após a derrocada
da União Soviética, o DI passou a recomendar o acolhimento dos comunistas em
postos do governo, uma espécie de “esquecimento e pacificação” ou de
“coexistência dos contrários”.
Em apoio ao
Projeto Democracia, duas outras entidades foram criadas. A primeira (1983),
National Endowments for Democracy – NED (Fundo Nacional para a Democracia), se
organizou para constituir e prover recursos financeiros para o projeto. Recebe
contribuições de fundações (Rockefeller e outras) e, segundo La Rouche,
subsídios do Congresso dos EUA. Os recursos são repassados a organizações
não-governamentais (ONG), partidos políticos, sindicatos, jornais, programas
universitários e a toda organização e movimento que possa difundir e contribuir
para a realização dos objetivos do Projeto Democracia.
A outra entidade,
a Comissão Bipartidária Nacional (1984), também conhecida como “Comissão
Kissinger”, foi criada para tratar especificamente da situação revolucionária
da América Central, relacionada com o confronto Leste x Oeste da Guerra Fria na
época.
O fabianismo
entrou no Brasil com Fernando Henrique Cardoso e as teses do Projeto Democracia
foram por ele implementadas principalmente após a sua eleição a Presidente da
República em 1992.
A sua reeleição em
1996 representou, coincidentemente, o continuísmo dos laboristas fabianos
ingleses em outras terras.
O FABIANISMO NO
BRASIL
O Fabianismo
chegou ao Brasil com Fernando Henrique Cardoso, retornando ao país, depois de
seu asilo político na Europa, com seus companheiros do chamado grupo de São
Paulo, todos ex-militantes da Ação Popular Marxista-Leninista.
Asilado na Europa,
depois de ter passado pelo Chile, Fernando Henrique Cardoso reformulou suas
crenças marxistas e passou a pretender filiação junto à Internacional
Socialista (oriunda da II Internacional).
A iniciativa
coincidia com o esforço de Leonel Brizola em 1978/79, ainda asilado, para
juntar-se à Internacional Socialista na Europa. Com ousadia e persistência,
aproximou-se dos expoentes socialistas europeus, particularmente de Mário
Soares, do qual conquistou o apoio e a amizade. Miguel Arrais e Fernando
Henrique tudo fizeram para neutralizar o ex-governador, inclusive com a
elaboração de um dossiê depreciativo que FHC entregou a Mário Soares. Nada
adiantou; na reunião da Internacional Socialista em Viena (1979), a
organização, por unanimidade, fez opção por Brizola. “... na platéia,
derrotados, Fernando Henrique Cardoso e Miguel Arrais assistem ao vitorioso,
discursando na condição de líder brasileiro da social-democracia e
representante oficial da organização no Brasil” (Luiz Mir, A Revolução
Impossível, pág 689 a 691).
O insucesso levou
Fernando Henrique a se aproximar do movimento fabianista. Em 1982, participou
da reunião de fundação do Diálogo Interamericano com sede nos EUA.
Ao retornar do seu
auto-exílio em 1979, Fernando Henrique Cardoso e os seus correliigionários do
grupo paulista ingressaram no partido do Movimento Democrático Brasileiro onde,
com outros anistiados de esquerda constituíram a ala dos “autênticos”.
Participaram da Constituinte de 1987/88 onde o grupo de FHC desempenhou ativo
papel na tentativa de implantar o socialismo e o parlamentarismo no Brasil.
Na Constituinte, é
interessante notar a convergência das esquerdas reformistas e revolucionárias,
todas procurando ampliar ao máximo as franquias democráticas.
Logo após a
Constituinte (1988), o grupo de Fernando Henrique e diversos outros
“autênticos” divergiram e saíram do partido, fundando o PSDB, Partido da Social
Democracia Brasileira. Estava assim criada a organização política do fabianismo
no Brasil.
Em 1992, o Senador
Fernando Henrique participou da reunião do Diálogo Interamericano de Princeton,
para a qual convidou Luiz Inácio Lula da Silva e alguns outros membros do
Partido dos Trabalhadores. Para o Diálogo, o desaparecimento da União Soviética
tinha deixado as esquerdas revolucionárias da América Latina sem base de apoio.
Entretanto, reconhecia que sua organização e capacidade de mobilização ainda
poderiam ser úteis para o programa pretendido pela entidade. Podemos aduzir que
o PT, como partido laborista, tivesse muita afinidade com o fabianismo, daí
porque estava sendo atraído. O primeiro ponto de uma ação comum foi a opção
pela via eleitoral, buscando-se o abandono da violência armada. Lula já
comprometido com o Foro de São Paulo, concordou com o programa mas não se
filiou ao Diálogo.
Em 1994, FHC se
elegeu Presidente da República. Na condução política da sua administração e nas
relações com o Congresso, onde não tinha maioria, usou o poder e certos
recursos autoritários. Valeu-se descontraidamente das Medidas Provisórias
fugindo das resistências parlamentares. Sem muito esforço, mas com uma eficiente
e convincente negociação individual com os parlamentares, conseguiu emenda à
Constituição, quebrando a antiga e prudente tradição republicana que não
permitia a reeleição do Presidente da República.
Para assegurar o
segundo mandato, Fernando Henrique tratou de manter a estabilidade monetária e
o Plano Real que já lhe havia garantido a eleição de 1994.
Para pagar dívidas
públicas, o serviço desta dívida e remunerar investimentos financeiros, foi
buscar recursos num vasto e discutível programa de privatizações.
A esquerda de
oposição lhe fez e faz ferina crítica, estigmatizando-o de “neo-liberal”, não
tão grande ofensa para um socialista Fabiano.
Com relação às
recomendações do Diálogo Interamericano, expressas no Projeto Democracia, podem
ser citadas as seguintes realizações de Fernando Henrique Cardoso:
1) Abertura
democrática, com franquias, ampliadas e garantidas na Constituinte, com o
trabalho de FHC nas comissões e de Mário Covas no Plenário.
2) Acolhimento dos
comunistas, primeiro no Partido, depois nos cargos de governo e, finalmente,
com indenizações das famílias de terroristas mortos pela “repressão”, de início
limitadas às dos que morreram nas prisões e agora generalizadamente.
3) Afastamento
sumário do serviço público ou veto de nomeação de qualquer pessoa acusada de
torturador ou de ter pertencido a órgãos de segurança durante o governo dos
militares presidentes. A demissão ou veto era imediato, sem qualquer apuração
formal ou de provas das acusações, num ato ilegal de restrição à Lei de
Anistia.
4) Submissão das
Forças Armadas ao controle político civil, com a criação do Ministério da
Defesa, afastando os militares de participação e influência nas decisões
nacionais, inclusive nos assuntos de segurança. Foi aventada também a criação
de uma Guarda Nacional para retirar do Exército ou restringir a sua destinação
constitucional de defesa da lei, da ordem e dos poderes constituídos. Não
dispondo de recursos para tal projeto, a iniciativa ficou limitada à criação de
um segmento fardado da Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça.
5) Uso e suporte
às Organizações Não-Governamentais de inspiração e de ligação a entidades
internacionais fabianas e outras, com transferência de funções públicas e de
recursos governamentais, particularmente nas áreas de educação, saúde,
segurança pública, meio-ambiente, direitos humanos e complementação social. Foi
promovida uma “ampliação do Estado” que daria inveja a um projeto concebido por
Antônio Gramsci.
Fernando Henrique
é seguidor dos conceitos da Terceira Via participando das idéias de um
“consenso internacional de centro-esquerda”, acompanhando a posição de Anthony
Giddens (teórico da Terceira Via), Tony Blair (líder trabalhista inglês),
Lionel Jospin, Bill Clinton, De La Rua e Schöreder.
O governo FHC
(1994-2002) deixou ao País com gravíssimos problemas sociais e econômicos pouco
tendo feito para a realização da transição para o socialismo. As lentas e
progressivas transformações são próprias do processo reformista Fabiano.
Portanto, não se fale de fracasso, porque a semente desta vertente
social-democrática está plantada e aparentemente, superou no País, a linha da
Internacional Socialista representada pelo decadente Partido Democrático
Trabalhista de Leonel Brizola.
Por outro lado, o
movimento fabianista pôde e pode realizar, em determinados momentos, um papel
subsidiário da esquerda revolucionária. Muitos aspectos da concepção pragmática
do fabianismo coincidem com certos processos gramscistas de mudanças pacíficas
e progressivas para conquistar a sociedade civil e enfraquecer a sociedade
política. Depois de 1980, os dois fatos novos mais significativos ocorridos nas
esquerdas no Brasil foram as presenças do fabianismo reformista e do gramscismo
revolucionário.
Terminado seu
governo, Fernando Henrique Cardoso agora é “homem do mundo”, promovido e
“badalado” pelos movimentos e organismos da esquerda internacional. Lembro um
pouco Bernad Shaw, um dos fundadores do fabianismo na Inglaterra, marxista reformado
que se transformou em socialista reformista. A diferença fica na retórica vazia
e na produção literária reduzida do intelectual brasileiro.
Apesar de tudo,
FHC voltará; pessoalmente ou representado, mas voltará."
Artigo extraído do
livro "Cadernos da Liberdade"
Autor: Gen Sérgio
Augosto de Avellar Coutinho
Fonte: Portal
Verde-amarelo
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Quintus Fabius Maximus Cunctator |
"Declarada a
guerra entre Roma e Cartago (Segunda Guerra Púnica), o comandante cartaginês,
Aníbal, saiu da Hispânia, à frente de um exército e, transpondo os Alpes,
invadiu a Itália. Ao confrontarem o invasor, os romanos foram derrotados em
Ticino e Trébia. Na batalha travada às margens do lago Trasimeno, o exército
consular de Caio Flamínio foi destroçado, deixando Roma à mercê de Aníbal.
Assim, na
primavera de 217 a.C., a campanha de Aníbal, que parecera, de início, fadada ao
desastre, tornara-se um triunfo. Triunfo só alcançado graças à sua estratégia e
à disposição de arriscar chegar até a Etrúria por uma rota inesperada, e ainda por
seu génio militar no lago Trasimeno. Essa recente vitória seria seguida por um
golpe adicional contra Roma, quando uma força avançada de quatro mil cavaleiros
enviada pelo outro cônsul, Servílio, foi encontrada por Maárbal e a cavalaria
cartaginesa. Os romanos haviam acabado de cruzar os Apeninos e surgido na
Úmbria, quando foram avistados por Maárbal, que fazia o reconhecimento à frente
do corpo principal do exército de Aníbal. Na batalha que se seguiu, todos os
romanos foram mortos ou capturados, sendo Servílio, assim, despojado de sua
força de reconhecimento, bem como de uma parte essencial de seu exército. Uma
vez que Servílio não podia mais deslocar com segurança suas legiões, Roma
ficou, para todos os efeitos, desprovida de ambos os seus exércitos consulares
e indefesa.
Não mais capaz de
se comunicar com o cônsul sobrevivente, pois ninguém sabia onde o exército ou a
cavalaria de Aníbal estariam de um dia para o outro, as notícias de mais esse
desastre reduziram Roma ao estado de mais profundo choque. Ainda é interessante
notar que, mesmo naquele momento, o desespero não penetrou na consciência
romana. A derrota era algo tampouco conhecido para eles, e por tanto tempo
haviam sido eles os senhores dos campos de batalha que escolhiam, que, como
afirmam os historiadores, eles pareciam não ter se apercebido do real perigo de
sua situação. Outras nações daquele período da história só precisavam de uma
derrota maior em campo de batalha para que abandonassem as esperanças e
demandassem a paz. Os romanos, contudo, perceberam que a situação exigia uma
drástica mudança na constituição. "Eles fizeram o que nunca havia sido
feito até aquele dia", escreve Tito Lívio, "criaram um ditador por
eleição popular.
Dado que um dos
cônsules (Flamínio) morrera e o outro (Servílio) estava ausente, pela primeira
vez na história da República Romana a escolha do ditador foi confiada a
assembleia das centúrias[1], que elegeram o senador Quinto Fábio Máximo. Outro
detalhe inusitado foi que a assembleia também elegeu o comandante da cavalaria,
recaindo a escolha em Marco Minúcio Rufo[2].A eles o senado confiou as tarefas
de reforçar as muralhas e torres da cidade, de organizar as defesas como lhes
parecesse melhor e de demolir as pontes sobre os rios (o Ânio e o Tibre):
teriam que lutar por sua cidade e seus lares, já que não tinham sido capazes de
salvar a Itália".
Aníbal era agora o
indiscutível senhor da terra, livre para percorrer e devastar toda região onde
seu desejo o levasse. Mas o seu exército, embora reconstituído, ainda era um
exército de conquista, sem nenhuma capacidade para sustentar uma guerra de
sítio. Ele não possuía quaisquer artifícios para sitiar — como torres de
ataque, aríetes e catapultas, e certamente nem mesmo algum técnico para esse
tipo de trabalho — tudo o que era preciso para subjugar cidades e guarnições e
dominar uma região. Ademais, o que parecia consistir num ponto de triunfo
patenteou o principal inconveniente da posição de Aníbal: ele podia conquistar
mas não consolidar.
Porém, a grande
fraqueza do cartaginês era não ter um objetivo político de alguma eficiência.
Sua estratégia política imediata era extrair de Roma os aliados participantes
de sua confederação, restaurando-lhes a liberdade. Mas liberdade para quê? Eles
haviam conhecido as vantagens de se viver sob a lei e o jugo romanos, e muito
dificilmente se disporiam a deixar isso e retornar à condição parecida com a
das antigas cidades-estados gregas. Aníbal não propunha que Cartago tomasse
para si o papel dominante ora desempenhado por Roma, substituindo suas
instituições por leis, modos e controle financeiro cartagineses. Seu objetivo
final, ao que parece, consistia em não mais que um retorno ao status quo
anterior à Primeira Guerra Púnica. Se Roma, seus aliados e dependentes ficassem
satisfeitos em permanecer no interior da Itália, mesmo concedendo a Sicília a
eles, então tudo estaria bem. Cartago continuaria conduzindo seus negócios por
todo o Mediterrâneo e outras regiões, e o Mediterrâneo seria comodamente
repartido entre as esferas cartaginesa e romana de influência.
Pode-se
solidarizar com Aníbal, mas a lição da história — se é que existe uma — ensina
que "não se pode voltar atrás". O mundo anterior à Primeira Guerra
Púnica, o mundo que seu pai Amílcar lhe havia feito rememorar, além de fazer
com que prometesse revivê-lo, estava há muito perdido e arruinado. O colapso da
Grécia no leste, bem como a decadência dos Estados gregos que haviam caído sob
o controle dos generais de Alexandre, o Grande e seus sucessores, deixaram um
vácuo de poder que um dia deveria ser preenchido. A ausência total de ambição
territorial por parte de Cartago — sua própria falta de poderio humano —
significava que o poder enérgico e expansionista de Roma, no final, preencheria
esse vácuo.
O protelador
O homem escolhido
para atuar como ditador e reorganizar Roma e os aliados latinos nessa hora de
necessidade era um romano do tipo antigo — um daqueles cujas faces vigorosas e
bem barbeadas nos fitam em bustos que retratam os homens da República Romana.
Quinto Fábio Máximo, que devido à sua cautela seria apelidado de Cunctator -
"o protelador" - provaria ser o homem certo na hora certa. Ao
contrário dos cônsules, ele não estava preso a qualquer obrigação do cargo e
não tinha "nome a fazer".
A família de Fábio
era tão bem situada na história de Roma que teria sido difícil encontrar alguém
que superasse seu brilho. Descendente de Fábio Ribulano, que em cinco ocasiões
havia sido feito cônsul no século V a.C. — a despeito do fato de ter-se ele
oposto aos patrícios — Fábio, agora eleito para o supremo encargo de enfrentar
Aníbal, era um homem capaz de fazer jus tanto ao apoio das velhas famílias
aristocráticas como ao da plebe. Moderado por natureza, Fábio foi o primeiro a
avaliar o quanto os romanos vinham negligenciando uma série de cerimónias
religiosas, e praticando outras incorretamente. Certificou-se de que sob todos
os aspectos o elemento divino não fosse negligenciado, restaurando,
grandemente, desse modo o moral dos cidadãos, enquanto seus esforços práticos
para assegurar a defesa da cidade tranquilizavam tanto o religioso quanto o
pragmático.
Fábio supôs que
Aníbal marcharia para Roma, e concentrou os seus esforços em preparar a cidade
e seus cidadãos para tal fato; mas ele devia estar ciente de que o cartaginês
não possuía um equipamento para sítio com o qual pudesse investir contra a
capital. O não aparecimento de Aníbal lhe deve ter sugerido que o cartaginês
estava longe, preparando suas tropas e fazendo as adequações mecânicas e
técnicas necessárias para o cerco. Fábio teve tempo, enquanto isso, para
considerar a aproximação desse general cartaginês que havia invadido a Itália —
algo que ninguém imaginava ser possível — e que ainda demonstrara uma aptidão
para a guerra que revelara com severidade as deficiências do sistema
republicano. Como defensor da terra, ele detinha em suas mãos tempo e poderio
humano. Assumiu o comando de duas legiões do cônsul Cneu Servílio e adicionou
mais duas legiões ao exército que agora se encontrava à sua disposição. Ao
mesmo tempo, dava ordens para que todas as pessoas situadas à frente da linha
de marcha de Aníbal abandonassem suas fazendas, queimassem suas propriedades e
destruíssem suas colheitas. (Séculos mais tarde sua estratégia básica seria
adotada pelo general russo Kutuzov, contra Napoleão.) O povo da Itália deveria
retirar-se de sua terra, deixando o mínimo possível para trás, e ele próprio —
como comandante do único exército organizado — evitaria uma batalha extrema a
qualquer custo.
Táticas de
guerrilha, tais como acossar os flancos do inimigo, isolá-lo das áreas de
forragem e gradualmente sangrá-lo até a morte eram os métodos que Fábio iria
empregar contra o general que, muito sabiamente, ele não estava disposto a
encontrar em circunstâncias normais. A única coisa que Fábio tinha a fazer,
como percebeu, era evitar a derrota. A vitória que almejava não era do tipo
tradicional em campo de batalha — algo que o génio de seu oponente mostrou
improvável — mas o sucesso obtido através de um longo período de tempo, se
necessário. A presença de suas tropas deve ter sido utilizada para assegurar
aos aliados e suas cidades que Roma olhava por eles. O tempo e a própria
extensão da terra, trabalhariam por ele em seu benefício. O exército cartaginês
deveria ser degredado lentamente, seu moral demolido, e suas chances de levá-lo
a uma batalha convencional reduzidas ao mínimo.
Aníbal havia se
decidido contra um assalto à própria Roma e tinha se deslocado com suas tropas
através da Úmbria e do Piceno na costa oriental da Itália. Seu exército,
carregado de saques e conduzindo o gado à sua frente, alcançou o Adriático e
parou para apreciar os frutos de seu sucesso, enquanto Aníbal aguardava que o
clima e o bom repasto restaurassem a saúde de seus homens; afinal eles haviam
resistido a um duro inverno, foram obrigados a dar o máximo de si ao
transpor-os pântanos do Arno, e finalmente prosseguiram até conquistar uma
grande e decisiva vitória. Entre os seus espólios estavam armas e armaduras
capturadas em Trasimeno, e Aníbal começou a reequipar seus próprios homens e os
gauleses, treinando esses últimos no uso de suas novas armas e tentando
inculcar-lhes um pouco da disciplina do soldado profissional.
Os surtos de
escorbuto das tropas eram laçados com frutas frescas e óleo, enquanto os
cavalos que sofriam de sarna restabeleciam-se com boa forragem e massagens com
álcool (vinho). Enquanto os cavalos ficavam lustrosos e os homens cansados mais
fortes e saudáveis, ele enviou mensageiros pelo mar, possivelmente usando
embarcações capturadas na costa, para relatarem a situação a Cartago. Em nenhum
momento cometera o erro de pensar que somente suas campanhas pudessem trazer à
sua cidade uma vitória conclusiva. Ele precisaria de apoio por mar ou por terra
através dos Alpes, e era importantíssimo que a segurança do império cartaginês na
península Ibérica fosse preservada.
Quando Aníbal
moveu-se para o sul, Fábio o seguiu, mantendo seus homens no sopé dos Apeninos,
de onde ele poderia despachar grupos de ataque para isolar forrageadores e
acossar os flancos do inimigo. Deixou claro desde o início que evitaria
qualquer batalha extensa e, todas as vezes que Aníbal parecesse lhe oferecer
tal oportunidade, ele cautelosamente a ignoraria. O cartaginês, agora, havia
cruzado novamente os Apeninos e rumado para a planície de Cápua, a mais exaltada
de toda a Itália, tanto por sua fertilidade quanto por sua beleza.
Aníbal esperava
não apenas aterrorizar algumas das maiores cidades para desertarem da aliança
romana, mas também abrir comunicações marítimas com Cartago. A planície de
Cápua, pela qual ele havia conduzido seu exército, não era apenas rica e
fértil, mas também de difícil acesso. A oeste ficava o mar Tirreno e nas outras
direções, altas cadeias de montanhas através das quais havia apenas três
desfiladeiros principais, um partindo do território do Sâmnio, o segundo ao
norte saindo do Lácio, e o terceiro ao sul, do país dos irpinos. Ao atacar
Cápua, a mais rica cidade na Itália depois de Roma, Aníbal esperava poder
atrair Fábio para a planície e lançá-lo numa batalha determinada. Sabia existir
na antiga Cápua um partido hostil a Roma que procurava independência da
confederação latina. Ele tinha como certo que, se destruísse o exército romano,
não apenas Cápua se apartaria de Roma mas também os ricos portos marítimos ao
redor do golfo de Nápoles.
Contudo, Fábio não
seria demovido de sua estratégia, e não fez mais do que seguir Aníbal até a
Campânia, acampando no sopé do monte Massico, onde ele poderia guardar o
desfiladeiro através do qual os cartagineses haviam chegado, e ainda evitar alguma
batalha mais encarniçada com o inimigo. Uma malsucedida investida da cavalaria,
liderada por um jovem oficial que defendia a escola da "ação a qualquer
custo" fora desbaratada pêlos númidas. Isso provou a sabedoria das táticas
de Fábio, mesmo que a lição não fosse totalmente absorvida por todos sob seu
comando.
Os bois
incendiários de Aníbal[editar |
Quinto Fábio
Máximo havia, de fato, acercado-se de Aníbal com extrema discrição e bom senso,
e Aníbal, por sua vez, parecia ter caído numa armadilha tal como as que ele
adorava armar para os inimigos. Fábio guarnecera a cidade de Casalino atrás do
exército cartaginês, bloqueara a via Latina, reforçando as tropas ali, e tomara
a via Ápia. O desfiladeiro através do qual Aníbal penetrara na planície estava
agora guardado por quatro mil homens e era vigiado pela maior parte das
próprias tropas de Fábio em seu acampamento numa colina à frente dele. Era alto
verão, e Fábio sabia que Aníbal logo teria que se mover, pois a terra ao seu
redor, embora rica e fértil, não possuía qualquer local adequado para quartéis
de inverno. Seria razoável conjecturar que Aníbal se retiraria para a costa
leste. O exército cartaginês, além disso, estava sobrecarregado com escravos e
prisioneiros, toda a bagagem, saques, provisões e milhares de cabeças de gado.
Quando Aníbal aproximou-se e montou seu acampamento sob a colina vigiada pelos
romanos, Fábio acreditou que finalmente teria seu inimigo numa posição da qual
não haveria escapatória e, pela primeira vez em sua longa perseguição ao
cartaginês, permitiu-se um discreto otimismo. De acordo com Políbio, "Ele
estava, de fato inteiramente preocupado rm considerar até que ponto e como
deveria se aproveitar das condições locais, com que tropas deveria atacar e de
qual direção".
Tendo sido a sua
oferta de batalha ignorada, Aníbal não era homem de perder tempo, nem de
permitir ao romano uma oportunidade de completar suas disposições e atacar de
acordo com um cuidadoso plano de ação. Convocando seu comandante, Asdrúbal,
ordenou-lhe que reunisse o máximo de feixes de lenha e tições possível e que
conduzisse umas duas mil cabeças de gado à frente do exército. Antes da noite
cair, mostrou a Asdrúbal uma elevação no solo, acima do desfiladeiro pelo qual
ele pretendia levar o exército, e disse-lhe para destacar servidores do
exército em número suficiente para conduzir uma leva de gado de modo
coordenado, cuidadosamente. Ataram tochas de madeira nos chifres do gado e,
após escurecer, os rebanhos foram conduzidos através da cordilheira acima do desfiladeiro,
do outro lado do corpo do exército romano.
Aníbal enviou
alguns de seus inestimáveis lanceiros para acompanharem essa estranha
força-tarefa e, então, tendo-se assegurado de que todos haviam se alimentado e
estavam prontos para uma marcha noturna, esperou pela execução de suas ordens.
Tão logo o gado chegou ao local mais elevado, ele assumiu a liderança na
vanguarda de suas tropas munidas de armas pesadas, colocando atrás a cavalaria
e, em seguida, o gado capturado, e posicionando os celtas na retaguarda junto
com suas leais tropas ibéricas. Subitamente, o morro começou a resplandecer com
luzes, e o silêncio foi quebrado pelos gritos dos homens que tocavam os animais
pela cordilheira.
Com as tochas
queimando em seus chifres, o gado corria selvagemente através da noite à frente
de seus pastores. Aníbal ordenou que seu exército fosse adiante e iniciasse a
marcha. As tropas romanas que guardavam a entrada do desfiladeiro viram as
luzes avançando pela cordilheira acima deles e naturalmente pensaram que
estavam sendo flanqueadas. A despeito das ordens de Fábio de que ninguém
deveria, de forma alguma, fazer qualquer movimento contra os cartagineses, eles
partiram para enfrentar a ameaça. Assim que viram as luzes avançando pela
escarpa, pensando que Aníbal vinha rapidamente daquela direção, eles deixaram a
parte estreita do desfiladeiro e avançaram para a colina a fim de enfrentar o
inimigo. Mas quando chegaram perto dos bois, ficaram totalmente desconcertados
diante das luzes, imaginando-se a ponto de encontrar alguma coisa muito mais
formidável do que a realidade.
O exército em
movimento que os romanos esperavam revelou ser não mais do que gado — seus
condutores fugiram pela noite, em meio à confusão. Enquanto se desatinavam na
colina coberta de arbustos, procurando por um inimigo de verdade, os lanceiros
surgiram. Saindo da escuridão, dos ásperos seixos, os formidáveis cartagineses,
brandindo os forcados que (como já havia sido demonstrado) sobrepujavam a
espada dos legionários em combate individual, avançaram para a matança. Fábio e
sua equipe, acordados pelo barulho e pelas luzes movendo-se na escarpa, ficaram
em dúvida sobre o que fazer naquela situação. Mas de uma coisa Fábio estava
certo: ele não tentaria qualquer forma de ação até a luz do dia, quando pudesse
ver por si mesmo exatamente o que seria necessário.
Ele, também, que
parecia ter obscurecido seus predecessores ao evitar as armadilhas engendradas
pelo astucioso cartaginês, tinha, por sua vez, sido enganado e iludido.
Preparara um laço para Aníbal e acabava apanhado na própria armadilha, devido a
algo que jamais havia considerado. Aníbal cercava-se de informações sobre seu
sagaz e cauteloso oponente, presumindo com acerto que o ditador romano nunca
deslocaria suas tropas durante a noite. Ele também conjecturara cuidadosamente
que as tropas que guardavam a entrada do desfiladeiro jamais se permitiriam ser
flanqueadas por aquilo que julgariam ser o exército cartaginês se movimentando.
Assim como antes permitira que a natureza impetuosa de Semprônio e Flamínio os
levasse a situações das quais não poderiam escapar, estimara bem a cautela de
Fábio e arranjara para que ela trabalhasse contra ele.
Enquanto o corpo
principal do exército romano permanecia em seu acampamento, o exército de
Aníbal marchava em silêncio através da escuridão.Com a luz do dia, os romanos
olharam para baixo e descobriram como haviam sido enganados: nenhum exército
cartaginês estava mais acampado aos seus pés. Antes que pudessem entender de
fato o que havia acontecido, Aníbal enviou de volta alguns de seus iberos para
darem assistência às tropas que haviam ficado engajadas na operação noturna. Um
choque ferino teve lugar nas escarpas onde aquelas armas da decepção, o gado
com seus longos chifres, agora pastavam. Os iberos e os lanceiros que portavam
armas leves eram páreo mais do que suficiente para os pesados legionários em
terreno áspero e, após matarem cerca de mil romanos, escaparam e foram se
juntar à retaguarda de Aníbal. O exército invasor, com seu dilatado comboio de
carga, seu gado e seus prisioneiros, seguiu adiante confiantemente.
Ditadura
dupla
Fugir, com
sucesso, da armadilha preparada por Quinto Fábio Máximo resolvera os problemas
imediatos de Aníbal, mas não afetara a questão a longo prazo: o exército romano
permanecia intacto e não derrotado. Isso estava bastante claro para o
cartaginês, e também para Fábio — nas não para seus homens e seus oficiais.
Para a maioria do exército, e a maioria dos romanos distantes da região da
batalha, a escapada de Aníbal era outro exemplo do fracasso da política do
ditador. Aníbal, agora, prosseguia devagar pelo vale do rio Volturno até
Venafrano, de onde apareceu para ameaçar as cercanias orientais de Roma.
Esperava, sem dúvida, induzir Fábio a dirigir-lhe uma represália. Como nada
aconteceu, moveu-se pelo Sâmnio, através dos Apeninos, até Sulmona, saqueando a
terra, à medida que passava, e finalmente tomando de assalto Gerônio, um rico celeiro
de grãos, onde instalou um acampamento fortificado.
Contudo, em um ano
que fora de um inequívoco sucesso, Aníbal não tinha realizado o que se
propusera a fazer. A despeito do fato de que, em termos militares, ele tinha
patenteado aos romanos e a seus aliados que a Itália estava aberta para ele
arruinar e devastar como o fizera, e apesar de sua comprovada superioridade
quanto às armas e à estratégia sobre os romanos, nem uma só cidade havia se
voltado para a causa cartaginesa. A confederação romana permanecia sólida como
rocha. Fábio, fiel aos seus princípios, não tinha feito mais do que seguir
Aníbal através dos Apeninos até a Apúlia, e acampara não muito longe da base
cartaginesa em Gerônio. Sua estratégia continuava a mesma: isolar os soldados
extraviados e acossar os destacamentos de forrageadores do inimigo, evitando
porém a ação em campo de batalha.
No outono daquele
ano, foi chamado de volta a Roma, oficialmente para cumprir alguns deveres
religiosos de sua incumbência como ditador, mas provavelmente também para
enfrentar as críticas à sua política militar. Antes de partir, diz-se que
ordenou a Marco Minúcio Rufo e aos outros oficiais superiores não se
envolverem, em hipótese nenhuma, em qualquer ação maior. Minúcio, o chefe dos
cavaleiros, embora tão ansioso para enfrentar o inimigo quanto alguns de seus
predecessores, era um soldado habilidoso e bastante capaz de perceber as
vantagens dos métodos de Fábio. Ele decidiu, contudo, aperfeiçoá-los e, tendo
notado que Aníbal e seus homens haviam ficado negligentes por menosprezarem os
romanos, tirou vantagens de seus métodos irregulares de busca de forragem.
Observando que algo em torno de dois terços das forças de Aníbal estavam
espalhadas por toda a área rural e somente um terço permanecia na base em
Gerônio, Minúcio enviou a cavalaria e tropas leves para atacar os destacamentos
de forragem. Uma grande quantidade de forrageadores foi morta e ele ficou
suficientemente animado para fazer um ataque direto ao próprio acampamento
cartaginês.
Pela primeira vez
desde que penetrara na Itália, Aníbal encontrou-se numa embaraçosa e
desvantajosa posição, da qual ele só se livrou com o retorno de um grande
destacamento liderado por seu comandante Asdrúbal. Se Aníbal aprendera uma
lição — mais cautela e menos confiança — Minúcio podia certamente sentir que
havia dado ao cartaginês um pouco de seu próprio remédio. As notícias dessa
vitória, tal como parecia ser, foram rapidamente transmitidas a Roma, onde
tiveram o efeito desejado. Este fora o primeiro sucesso que os romanos e seus
aliados haviam tido desde o início da guerra, e parecera demonstrar que uma
política agressiva, mas conduzida com inteligência tal como a demonstrada por
Minúcio, compensaria as táticas vergonhosas e hesitantes de Fábio, que
permitiram que a terra fosse devastada. Romanos de todas as classes parecem ter
sentido que eles já haviam aturado mais desprezo da parte desses invasores do
que poderia ser tolerado e as notícias da "vitória" de Minúcio
inspirou-os com renovadas esperanças.
Por uma decisão
sem precedentes, chegou-se ao consenso, numa reunião do povo, de que Minúcio
deveria ter poderes igualados aos de Fábio. Tal divisão da ditadura anulou
completamente seu próprio conceito, e, na verdade — ao menos quanto ao exército
— reduziu Fábio e Minúcio a uma situação similar à do dois cônsules no comando.
Contudo, uma vez dividida a ditadura, havia a opção, para cada homem, entre
tomar duas legiões sob seu comando exclusivo ou agir como se fossem cônsules,
cada qual assumindo o comando de todas as quatro legiões em dias alternados.
Essa hipótese foi recusada por Minúcio e, quando Fábio retornou de Roma no
outono de 217 a.C., surgiu a absurda posição de dois "ditadores" no
comando de dois exércitos romanos divididos — ambos com diferentes crenças
sobre o modo de conduzir a guerra. Aníbal não deve ter custado a saber dos
últimos acontecimentos, acrescidos do fato de duas metades do exército romano
ficarem, agora, em acampamentos separados.
Tal situação vinha
a calhar para Aníbal, que não demorou a decidir o curso de sua ação. Sua
experiência, por todo o verão, ensinara que Fábio não podia ser atraído a uma
armadilha, enquanto seu recente encontro com Minúcio tinha lhe mostrado que
este último, mesmo que bastante hábil, era possível de ser enganado sob ataque.
Começou, então, a engendrar uma emboscada muito semelhante em estilo àquela que
fora tão bem-sucedida em Trébia; para tanto, valeu-se mais uma vez das
inclinações do seu oponente como arma em seu próprio favor da própria
disposição da terra.
Políbio conta a
história: Havia uma elevação entre seu próprio acampamento e o de Minúcio que
podia ser usada , contra qualquer um deles, e ele resolveu ocupá-la (...) O
solo ao redor da colina era desarborizado, mas possuía muitas irregularidades e
cavidades de todas as espécies, e ele despachou, à noite, para a posição mais
adequada a uma emboscada, quinhentos cavaleiros e cerca de cinco mil homens
portando armas leves e ainda outros de infantaria. Para não serem avistados ao
amanhecer pelos romanos que saíssem para forragear, ele ocupou a colina com as
tropas que portavam armas leves tão logo o dia rompeu.
Minúcio,
constatando isso e achando ser uma oportunidade favorável, enviou imediatamente
sua infantaria ligeira com ordens de combater o inimigo e disputar a posição.
Ansioso por expulsar da colina o que ele imaginava ser a guarda avançada de
Aníbal e barrar sua ocupação, Minúcio enviou adiante a cavalaria e, então, ele
próprio avançou com suas duas legiões. Toda a atenção dos romanos fixou-se inteiramente
sobre a colina onde a batalha preliminar estava tendo lugar. De modo a
convencer os romanos de que aquele era o objetivo principal de seu interesse,
Aníbal continuou enviando reforços para auxiliarem os homens que sustentavam
posição contra o ataque romano. As forças leves romanas foram gradualmente
forçadas para trás pelo peso dos cartagineses e, à medida que recuavam,
colidiam com as legiões que avançavam para apoiá-las e as lançavam em confusão.
Aquele era o momento — e o sinal foi dado. As tropas de Aníbal, escondidas,
surgiram de todas as direções e caíram sobre as legiões pela retaguarda. O
exército inteiro de Minúcio encontrava-se, agora, numa perigosa posição (...)
uma outra Trébia era iminente. Só foram salvos pela ação de Fábio. Desta vez,
"o Protelador" não protelou por mais tempo, e trouxe suas duas
legiões para o resgate. Aníbal, ao ver as novas legiões avançando, abandonou
sabiamente a perseguição ao exército tomado de pânico de Minúcio e retirou seus
próprios homens. Os romanos haviam perdido muitos de suas tropas leves e ainda
mais de seus melhores legionários.
Foi uma lição que
Minúcio aprendeu a fundo. Ele não apresentou desculpas a Fábio, agradecendo-lhe
por seu resgate, mas também admitiu que toda a ideia de dois ditadores e a divisão
do exército estava errada. Entregou sua parte do comando a Fábio e de bom grado
relegou a si próprio sua posição inicial de chefe dos cavaleiros. Os dois
acampamentos romanos desagregados voltaram a se integrar, dando ao exército,
uma vez mais, um corpo único e forte com uma base: todos reconhecendo que Fábio
era legitimamente o único líder e que sua estratégia estivera todo o tempo
correta. Aníbal não tardou a perceber que o fato de os romanos terem
deliberadamente escolhido uma nova unidade era um mau sintoma para a sua
campanha. A disposição das tropas derrotadas, bem como de seu comandante, em
aceitar a liderança de Fábio, a quem havia aprendido a respeitar durante
aqueles meses de verão, mostraram um novo espírito. Durante a campanha do ano
anterior, e desde o combate no Ticino um ano antes desse, haviam cultivado o
desprezo tanto pelos soldados romanos, quanto por seus generais, mas já havia
evidência de mudança. Aníbal possuía, agora, uma paliçada erguida ao redor da
colina, ligando essa posição por trincheiras ao seu acampamento em Gerônio,
montado para o inverno.
Fim da
ditadura
Até a primavera de
216 a.C., os dois exércitos ficaram opostos um ao outro, e os meses se passaram
sem mais hostilidades. O encargo de ditador de Fábio chegou ao fim e até a
eleição de novos cônsules no ano seguinte, Servílio, que havia comandado as
legiões em Arrimium Rímini, e Marco Atílio Régulo, que havia sucedido a Caio
Flamínio após sua morte no Trasimeno, assumiram o comando. Aníbal tinha muito
sobre o que pensar. O ano que se iniciara tão bem para ele, e durante o qual
obtivera somente sucessos sobre os romanos, não era de todo satisfatório para
os cartagineses. As coisas não iam bem na península Ibérica. Irrompera uma
revolta entre os celtiberos; os romanos consolidavam seu domínio sobre a parte
norte do território, e seu irmão Asdrúbal havia se retirado ao sul do rio Ebro
para o inverno. Por todo o mar, o poder da frota romana havia mostrado que o
controle do Mediterrâneo ainda permanecia firmemente nas suas mãos. Ele não
tinha sido capaz de tirar vantagem da vitória em Trasimeno atacando a capital romana;
e nem um só aliado voltara para ele. Nenhum reforço havia chegado de Cartago e,
como os espiões cartagineses dentro da cidade devem ter lhe informado, portos
marítimos, como Nápoles, haviam declarado que sua aliança com Roma era
inabalável.
0'Connor [3] assim
relata a situação ao final do ano: "E se Roma havia sido derrotada por um
grande capitão, seus recursos destinados à guerra eram ainda enormes. Ela já
havia lançado oito legiões duplas a campo, engrossando amplamente o número de
homens nas fileiras para a campanha do ano vindouro; ela iria opor noventa mil
homens a Aníbal, que não possuía mais do que cinquenta mil, sendo, talvez, três
quartos deles gauleses; ela preparara um exército para marchar pelo norte da
Itália, para impedir os gauleses de auxiliarem seu terrível inimigo. Seu
austero espírito nacional, também, estava mais aguçado do que nunca; ameaçou a
corte de Macedônia e as tribos ilírias, advertindo-as de que seria melhor
ficarem imóveis; e com admirável sabedoria, ela recusou ofertas de dinheiro
feitas por Hierão II, seu rei vassalo da Sicília, e por vários dos Estados
itálicos aliados, aceitando, contudo, ajuda para a guerra."
A única notícia
passível de ter inspirado confiança a Aníbal foi a de que os romanos não
intencionavam reeleger um ditador: estavam retornando ao sistema consular. Os
nomes e a história dos dois novos cônsules também devem ter lhe dado motivos
para sentir que seus inimigos repetiam seu velho erro. Um era partidário da
aristocracia e o outro, um conhecido demagogo. O primeiro, Lúcio Emílio Paulo,
membro de uma renomada família patrícia, havia ocupado o cargo de cônsul em 219
a.C. e tinha um bom passado militar. Leal partidário da aristocracia, recebeu
dela votos para conquistar o cargo, pela segunda vez, de modo a contrabalançar
a influência de seu companheiro cônsul, Caio Terêncio Varrão.
Não poderiam ter
sido escolhidos dois homens mais dessemelhantes. Varrão era um plebeu, de
opiniões ultrademocráticas, que conseguira ascender ao cargo com o voto popular
por seus ataques difamatórios ao ditador Quinto Fábio Máximo. Seus argumentos,
e os dos que o apoiavam, serão familiares aos que tiverem observado o padrão de
políticos similares em séculos posteriores: os nobres buscaram a guerra por
muitos anos e foram eles que trouxeram Aníbal até a península Itálica. Eram as
suas maquinações, também, que mantinham a guerra, quando ela já poderia ter
tido uma conclusão vitoriosa; os cônsules empregavam as táticas de Fábio para
prolongarem a guerra, quando poderiam ter acabado com ela. Os nobres todos
haviam feito um pacto para tal resultado; e o povo não veria um fim para a
guerra até que elegesse um verdadeiro plebeu, um novo homem, para o consulado.
Aníbal deve ter se
familiarizado com a natureza dos dois cônsules, pois possuía informantes em
Roma. Ele só esperava pela quase inevitável divisão de opinião entre o patrício
e o plebeu, algo de que tiraria vantagem de modo a forçar os romanos à batalha
que Fábio lhe havia negado. A despeito do registro de seus triunfos na Itália
ao longo de duas temporadas de campanhas, Aníbal precisava muito de uma
vitória. Uma vitória tão decisiva, que fizesse os aliados de Roma finalmente
romperem sua aliança com ela."
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Teoria da Conspiração Fabiana
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O
conceito do Fabianismo visa desqualificar a direita nacional no
Brasil!
A verdadeira
origem do conceito de Fabianismo vem do General romano Fábio Máximo, que era
conhecido por protelar e tinha uma técnica de guerra conhecida por marchar ao
centro, a sociedade citada neste artigo e neste livro: "Cadernos de
Liberdade", teve origem filosófica neste personagem da história e o
socialismo democrático aqui citado teve origem democrática na França da queda
da Bastilha. como postei no artigo anterior: Ideologia, eu quero uma pra viver... O movimento fabiano descrito aqui e em geral proposto como tese e argumento por
Olavo de Carvalho nas redes sociais e por seus seguidores é um erro filosófico
para desqualificar posturas de centro como válidas, obrigando a radicalização
nos extremos para definir uma bipolarização e um confronto nos extremos. Na
prática, quando se desqualifica uma posição centralizadora, quando a torna
inválida do ponto de vista político e ideológico, se joga para os extremos o
conflito! No momento que se completa esta filosofia com a tese de que não há
direita no Brasil, só esquerda, tratando toda a direita como um movimento de
centro "fabiano", desqualificando qualquer argumento lógico e
racional contrário, na verdade o que se busca é impedir a lógica de que o voto
brasileiro se encontra em grande maioria em uma camada central de interesses,
ao centro, sem extremos, é ali que fica o indeciso, em geral, o povo brasileiro
não é radical em sua grande maioria decisória eleitoral, o voto está no centro!
Nas redes sociais, os conflitos são contínuos, em geral extremados, no entanto,
é claramente sabido que as campanhas nas redes sociais são superestimadas, que
em geral os números aqui podem facilmente serem manipulados por hackers e
grupos de interesse político ou para um lado ou para outro e em geral cada lado
tem seu próprio prognóstico sobre uma vitória certa, sendo ambos em geral
errados quando nos extremos, a prática demonstra quase sempre uma postura menos
extremada e mais equilibrada do ponto de vista do eleitor mediano, ou, como
diriam os discípulos de Olavo e cia, os fabianos. O problema desta teoria é que
ela acaba por beneficiar indiretamente a esquerda e não a direita, pois retira
votos válidos da direita ao desestimular o voto consciente e uma vez que os
eleitores da esquerda nunca deixam de votar de modo válido e pouco se importam
em serem chamados de centro esquerda ou de centro e que buscam também mostrar
que não são tão radicais, ao menos no discurso, quanto seus adversários, não
votam nulo, não se abstêm de votar e não votam em branco, como os que se dizem
de direita, mas não conseguem se ver representados por partido algum no Brasil,
por conta da desqualificação do voto chamado fabiano nas redes sociais. Em fim,
na prática, tal teoria só favorece mesmo a esquerda e ao defensor desta tese
que se autopromove como senhor absoluto da verdade inquestionável, pois quer
ter razão a qualquer custo e se questionado gera posturas radicais para
defender-se, anulando lógicas e desqualificando adversários com ataques
pessoais, não posturas argumentativas lógicas ou racionais, até por que não as
tem de fato, uma vez que suas bases técnicas são de outros teóricos com argumentos
que reforçam sua teoria da conspiração para negar tudo e todos, sem nada
apresentar em contraponto como solução politica viável. Ao negar políticas de
centro, promove a radicalização como política de solução, mas ao negar também a
esquerda e a direita, permite uma situação de caos político, um Estado
anárquico, na prática um discurso que pode ser reconhecido por anarco
capitalista, uma vez que se posiciona mais a direita para justificar sua tese,
mas que na prática estimula ao surgimento de ditadores, tanto de um lado como
de outro. Pessoas que não desejam votar ou que desejam justificar seu ódio
contra tudo e contra todos tem adotado este discurso inflamado e radical,
incompleto do ponto de vista teórico e como não buscam a fonte da origem do fabianismo
e entendem que esta é a fonte primária da corrente filosófica, acatam como
verdade absoluta. Meu texto sobre a origem da filosofia social democrata no
Brasil: Ideologia, eu quero uma pra viver... mostra que tudo teve um propósito diferente, na prática, a consciência é que
sempre se soube que no Brasil o voto principal está no centro e por isto a
política foca neste principal grupo eleitoral, não por outro motivo. Nos momentos
de decisão, é o eleitor indeciso, ao centro, que decide, ou com sua ação, ou
com sua omissão! Na prática, é este o voto que tem feito a diferença sempre no
Brasil e toda vez que este eleitor de centro é induzido, mesmo que pelas redes
sociais a não votar, ajuda a manter no poder quem lá está, foi este o principal
papel de Olavo e seus aliados nas últimas eleições, o de induzir pessoas ao
erro com omissões. No meu entendimento, ele não é fabiano realmente, mas também
não é meramente anarcocapitalista, apenas usa este discurso para sua promoção
pessoal, mas na prática acaba por estimular a esquerda do Brasil pois não
colabora de fato com a formação de um voto de direita, não ajuda a formar uma
direita nacional com sua postura, muito menos com suas fontes incompletas e seus
estudos direcionados para a desqualificação da humanização do ser. Olavo busca
a radicalização como perfeição e perfeição não existe, nem a dele, apesar de
que pensa de modo contrário, neste sentido, adota uma postura Grega, Platônica,
idealizada, deixando de lado a filosofia Aristotélica, da prática real! Tudo
não passa de marketing pessoal e como está fora do Brasil, não poderá sofrer
prisões aqui, se for processado ou acusado de incitação a violência ou de
alguma calúnia e difamação, dai o motivo dele gostar tanto de ver o circo pegar
fogo, uma vez que o palhaço está fora do picadeiro, pode rir a vontade dos
outros queimando por sua "brincadeira" de mau gosto! Na prática, tal
postura deixa de ser filosofia para ser conhecida por algo que na Grécia Antiga
era chamado de Sofisma. Sofista era o indivíduo que vendia uma filosofia incompleta. A saber, Filósofo é o amigo da verdade, amigo do conhecimento, não dono do conhecimento ou da verdade, isto é um sofisma, uma indução ao erro, uma distorção ideológica da verdade!